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Quando a solidariedade é a esperança de dias melhores

Dois mil e vinte será lembrado como o ano em que um vírus desconhecido, altamente contagioso e com potencial de letalidade preocupante parou o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e governantes de todo mundo vem recomendando o isolamento e o distanciamento social como forma de diminuir a contaminação e garantir que os hospitais possam atender todos aqueles que necessitarem de internação.

No Brasil, enquanto alguns relutam em acreditar nas evidências científicas para o achatamento da curva de contaminados, parte da população se mantém reclusa e busca sentido para enfrentar a pandemia com mais equilíbrio. Atos de solidariedade e altruísmo passaram a unir as pessoas, como forma de manter viva a esperança de dias melhores.

Exemplos de ações solidárias espalharam-se por diversas partes do país desde que o coronavírus chegou ao Brasil, em fevereiro, quando o primeiro caso importado foi oficialmente registrado. Em Itapira, desde março, um grupo segue focado em produzir máscaras, aventais e lençóis para distribuir nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), na Santa Casa e no Hospital Municipal, tudo de forma voluntária.

Uma corrente do bem que começou despretensiosamente tornou-se uma espécie de pequena empresa, com 400 pessoas envolvidas. Com a doação de dinheiro de centenas de voluntários, encerrada por ora, o grupo, que prefere ficar no anonimato, conseguiu comprar insumos para produção desses materiais, essenciais para manter a saúde daqueles que estão na linha de frente no atendimento aos pacientes de Covid-19, fortalecendo assim o sistema de saúde local.

Mais de cinco mil máscaras e dois mil aventais foram produzidos com ajuda de costureiras e mão de obra solidária de empresas, tudo de forma voluntária. Com envolvimento de tanta gente, foi possível ainda arrecadar material de limpeza, como água sanitária, detergente, papel higiênico, papel toalha e álcool em gel, itens fundamentais para o enfrentamento do coronavírus. Na lista de donativos ainda consta pijamas cirúrgicos, caixas de luvas de procedimento e toucas.

Na semana passada, o grupo doou 600 máscaras para a Guarda Civil Municipal de Itapira, que distribuiu entre as pessoas que estavam em filas nos bancos. O município possui até o momento 12 casos de Covid-19 e três mortes. Ainda assim, muitas pessoas saem às ruas sem proteger o rosto.

Solidariedade e os benefícios para a saúde mental

A ciência comprovou que diante do caos, instabilidade e descrença, o amor e a compaixão funcionam como uma espécie de blindagem do estresse e ansiedade. Ser solidário não só faz bem para o outro, mas também para quem promove o ato de benevolência.

Autor do livro “O poder curativo de fazer o bem: os benefícios espirituais e a saúde em ajudar os outros”, Allan Luks entrevistou mais de três mil voluntários para entender o bem de ser solidário para a saúde física, mental e emocional.

O autor reuniu diversos estudos sobre os benefícios proporcionados pelo altruísmo do trabalho voluntário. Ele identificou uma relação de causa e efeito entre ajudar os outros e ter boa saúde. Essas pesquisas concluíram que os participantes tiveram um aumento da sensação de bem-estar após realizar ações filantrópicas. E, consequentemente, apresentaram uma redução em seus níveis de estresse e maior equilíbrio emocional.

A sensação de calor no peito, energia renovada e sentimento eufórico, seguida por uma calma profunda, foi descrita por inúmeras pessoas depois de uma ação generosa. Para além disso, o resultado mais curioso da pesquisa foi relato dos entrevistados de que, após iniciar trabalhos voluntários, tiveram uma melhora e até desaparecimento de problemas como insônia, úlceras, dores de cabeça e nas costas, depressão, gripes e resfriados.

Alguns dos benefícios da solidariedade:

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