O LOBO-GUARÁ
O povo brasileiro ganhou de presente um país generoso pela força da natureza e beleza natural.
A sabedoria, terceira qualidade destacada, não cai do céu é necessário esforço humano.
É a conclusão que se tira da primeira aula da humanidade, a alegoria do Paraíso, contida na Gênesis.
O ser humano tem qualidades inatas de uma pedra brilhante.
Mas, a imensa maioria se encontra em estado de pedra bruta não lapidada.
Ele desconsiderou, até agora, o presente que recebeu.
Não evoluiu para a sabedoria de conservação, o desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo.
A atividade predatória de anos destruiu a Mata Atlântica.
A parte que circunda a cidade necessita, agora, de imperiosa a luta para recuperação.
O lobo-guará aparece em áreas de Mata Atlântica já desmatadas, onde não ocorria originalmente.
Já se pode esperar o ilustre visitante por aqui.
A fonte de água medicinal não está na agenda política sendo desprezada na vida econômica do município.
O único produto local não é explorado e se perde recursos financeiros para o município.
A água de abastecimento está sendo desviada para atender aos interesses particulares.
O fogo criminoso ateado de má-fé ou por ignorância volta a levantar labaredas no Morro Brejal.
Coincidentemente, nesse local continua a movimentação da terra e formação de patamares para empreendimentos imobiliários primários de mal gosto.
A ambição capitalista do presente sacrifica o futuro das gerações.
O turismo, base da economia local, depende do complexo ambiental água-morro-mata e clima decorrente.
O complexo ambiental é sagrado, é a “galinha de ovos de ouro”.
Águas de Lindoia urge ser declarada “Santuário Ecológico” como selo de garantia e qualidade turística, antes que matem a galinha.
A destruição da mata altera o clima e as nascentes secam.
O Lago Cavalinho Branco se tornou uma cacimba, igual à do árido nordestino, depende de chuva.
O ribeirão Água Quente desce do Morro Pelado como velho cansado.
Quase não consegue chegar ao seu destino, o Lago, pois está sendo sangrado, desviado e desprotegido de mata ciliar que lhe dá a vida como determina o Código Florestal.
O Plano Diretor da cidade já acomodou os interesses privados em sua elaboração.
Aprovado como foi, é apenas carta de intenções a eficácia dependerá da plena fiscalização do poder público.
Na ausência de rigorosa fiscalização e punição exemplar aos infratores – que é a ordem -, e não tem ocorrido, não se desenvolverá a mentalidade ambiental necessária à cidade – que é o progresso.
Aí está para quem quiser ver a terrível tragédia que se passa no Pantanal e na Amazônia.
Essa vasta região está ardendo em chamas e entregue à sanha de grileiros, madeireiros, garimpeiros, mineradoras, pecuaristas e especuladores imobiliários pela paralização da fiscalização do IBAMA determinada pelo governo verde-amarelo da Ordem e Progresso.
A Amazônia é mais do que a metade do Brasil (61% do território nacional), reunindo 9 (nove) Estados brasileiros.
Hoje é palco de barbárie pela destruição da flora, fauna, contaminação dos rios, homicídios e expulsão dos povos da floresta (indígenas e extrativistas), quilombolas, posseiros, pescadores e ribeirinhos.
Nesse quadro nacional nós lindoienses, também, estamos incluídos com nossas mazelas.
Até um gênio da política (não, Mito, que é história pra boi dormir), mas real, teria dificuldade em encontrar a saída.
Não há conquistas histórico-sociais determinantes feitas por um único homem ou por uma única mulher isolada.
Muitos consideram a pandemia um fato específico, isolado, uma fatalidade.
O significado transcendente é coletivo, pois atinge a todos.
Somente com a participação de todos, da comunidade científica ao simples cidadão, haverá a solução do problema.
Em época de eleição, o candidato a prefeito ou vereador de valor será o que tiver liderança para mobilizar o povo (coletivo).
São nas ações coletivas organizadas e descentralizadas que se encontrará a solução dos problemas socioeconômicos e ambientais no pós-pandemia.
Certo é que será mais provável encontrar o Lobo-guará andando na Praça que o cidadão ter uma nota de R$ 200,00 no bolso.