Águas de Lindóia necessita de significativas transformações no funcionamento, nos negócios, na vida dos habitantes e na definição de objetivos.
Steve Jobs, magnata da informática e cofundador da Apple, certa vez disse que não é possível ligar os pontos olhando para frente, somente olhando para trás.
Ligando os pontos o último surto de progresso do município ocorreu entre 1954 a 1959 na gestão do prefeito Geraldo Mantovani.
Nesse período surgiu o planejamento urbano, primeiro plano diretor, pavimentação de acesso ao município, iniciou as obras da Praça Adhemar de Barros, inaugurou o ensino secundário e concluiu as obras do Balneário.
O Balneário ainda hoje é o melhor do Brasil.
A Estância, desde então, parou de se reinventar e começou a se definhar.
De lá para cá o crescimento foi vegetativo, não houve progresso e a população ficou ao Deus dará.
A exceção fica para os hotéis, pois se adaptaram ao século XXI, se tornaram centros de convenção, lazer e entretenimento para os hóspedes isolando-os da cidade.
A atividade econômica hoje é marcada pelo turismo de hotel que funciona como um “apartheid” em relação às atividades comerciais, autônomas e ambulantes do município.
O lindoiense, como bom brasileiro, se adapta às condições adversas e não se queixa.
Afinal, a cidade é ótima para se viver nela.
A juventude é estimulada pelo “doce far niente” (doce fazer nada), como dizem os italianos ou “nem-nem” (nem estuda nem trabalha), no nosso dizer.
É a lei do mínimo esforço, própria do “Jeca Tatú” personagem de Mazzaropi.
A adaptação é uma virtude que se converte em grande defeito quando leva à acomodação.
Que espécie de povo se pretende para Águas de Lindóia e qual é o seu futuro, são perguntas que devem ser pensadas para encontrar soluções e tomar decisões acertadas.
Continuar a insistir no caminho que a cidade se encontra não leva a lugar algum e poderá chegar a um beco sem saída.
O dilema da Estância pode estar compreendido nas palavras do filósofo Karnal: “tudo que não está crescendo, está diminuindo; tudo que não está se expandindo, está se encolhendo; tudo que o cérebro não está recebendo, está perdendo; tudo que não está se renovando, está morrendo.
Perdeu-se a identidade da Estância.
A atividade humana pulverizada acabou com a comunidade que existia desde a fundação e não formou a sociedade em seu lugar
Ao relembrar a história da cidade, admirar o céu azulado, as lindas montanhas arredondadas, as abençoadas nascentes, a natureza encantadora, o clima diferenciado e a existência de um povo que nela habita se descobre que Águas de Lindóia é bem maior e mais forte que a situação em que se encontra.
Um instante de lucidez é suficiente para revelar a causa do dilema, está em que deixamos de ser o que realmente somos.
O tratamento de recuperação é claro e simples.
Todavia, o remédio tem efeito colateral nos poucos que prosperaram. Esses poucos não desejam e não necessitam de mudança e são obstáculos.
Águas de Lindóia é estância termal.
Tal é a classificação exata da cidade pela qual se permite receber recursos e vantagens estaduais e federais.
O termalismo é atividade moderna e atual, é o objetivo original e a segurança do futuro.
O turismo é continuação dessa atividade primordial, não o carro chefe.
À reforma do Balneário pode se tornar o grande passo no caminho em direção ao termalismo.
Torna-se imprescindível dinamizar, oferecer atividades aquáticas, esportivas, físicas e fisioterápicas e outras complementares promovendo-se intensa propaganda e marketing para atrair visitantes para a Capital Termal do Brasil.
A tese é obviamente correta.
Você viu algum candidato defender o termalismo?
Então, sem a participação da população em sua defesa é o mesmo que dar murro em ponta de faca.