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Todos nós vamos morrer um dia

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O consolo que o Presidente Bolsonaro deu para as mortes por Covid-19 está no título deste artigo.

Esse pensamento surgiu no dia 29 de março de 2020 quando havia 136 mortes e 4.256 casos diagnosticados.

Alguns dias antes (07.03), ele esteve em um jantar sendo recebido como “o Trump Tropical” pelo Trump Verdadeiro no resort deste de Mar-a-Lago, na Flórida.

Nessa data reafirmaram a aliança estratégica entre o Brasil e os Estados Unidos com atenção voltada contra a Venezuela e a China e afinaram as violas sobre pandemia e uso de cloroquina.

A paixão de Bolsonaro por Trump é inegável.

O imita como faz um cover.

O público brasileiro sabe disso pela leitura que ele faz das falas do presidente americano: parece um karaokê.

A pandemia serviu para demonstrar esse vínculo com Trump e pode ser deduzido por algumas de suas declarações públicas:

“O vírus está superdimensionado por questões econômicas” (09.03);

“Com toda certeza há um interesse econômico nisso tudo” (15.03);

“Estão tomando medidas que vai prejudicar em muito a nossa economia” (17.03);

“Não estou acreditando nesses números” (27.03)

“Estão querendo fazer uso político desses números” (27.03)

Esses argumentos são paralelos aos de Trump que os usa para denunciar suposta “conspiração chinesa” contra a economia americana.

Trump é infalível, “um deus salvador do Ocidente”, disse literalmente o próprio Chanceler brasileiro Ernesto Araújo em artigo (“Trump e o Ocidente”, 2017)

Nosso presidente mostra-se convencido pela alienação do Chanceler.

Assim, o fantasma da China que rondava apenas a Casa Branca foi importado pelo Planalto para produzir o “efeito assombração”.

Ele provoca a ideia de que a pandemia nada mais é que uma estratégia comercial chinesa que causa morte econômica, não morte humana.

Notavelmente simplista nosso presidente, então, ensinou ao povo brasileiro que pandemia se resumia  a uma palavra: gripezinha (20.03)

A aliança do Salvador do Ocidente com o nosso Mito voltada para a preocupação central, a economia, os obrigou a negar a existência de pandemia, a contrariar todas as medidas sanitárias de contenção da doença e a açoitar a China sem clemência.

Faltou a eles apenas combinar com o vírus Covid-19 para que parasse de provocar mortes diárias que se multiplicaram no mundo todo.

Quando o número de mortos no Brasil atingia 5.017 casos um popular questionou o presidente Bolsonaro sobre o fato.

Recebeu a resposta que um cidadão comum daria para livrar-se de uma acusação da esposa:

“E daí? Quer que eu faça o quê?”.

“Eu sou Messias, mas não faço milagre” (28.04)

Nos dias atuais os Estados Unidos e o Brasil ostentam o troféu de campeão e vice-campeão mundiais em número de casos e de óbitos.

A pandemia continua ativa com retomada em vários países da Europa e alguns Estados brasileiros.

A economia não apresentou sinal algum de recuperação.

O Brasil, que já capengava antes da pandemia, viu-se arruinado em todos os seus índices econômicos.

Trump e Bolsonaro viram-se isolados no mundo.

Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido e Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, últimos aliados que restam para Trump, não tiveram a coragem de Bolsonaro em participar dessa aventura.

O povo americano dá mostras de que não pretende reeleger Trump no próximo dia 03 de novembro.

Uma vez derrotado se ventila que será processado pelos desmandos que causaram centenas de milhares de mortes pela pandemia.

Se essa história terminar como nos filmes americanos, onde o bandido sempre é preso, a vida imitou a arte.

Nessas circunstâncias nosso presidente terá que refletir sobre a frase que disse no dia 29.03, pois antes de morrer existe vida e sofrimento.

Lembrará o ensinamento de sua mãe, que não seguiu: o de evitar a má companhia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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