O “Dia Mundial do Pobres” será comemorado em 15 de novembro, simultaneamente, com as eleições municipais.
A coincidência de datas leva à reflexão: “é preciso uma prefeitura pobre para os pobres”.
O pensamento é do Papa Francisco que disse “é preciso uma igreja pobre para os pobres”.
A pobreza é o resultado da extrema desigualdade provocada pela economia que, ao final, é injusta.
O cerne da questão é de natureza política.
Com a mudança política é possível acabar a desigualdade.
Obras de caridade são essenciais para atender a uma contingência, mas são incapazes de resolver o drama da pobreza.
Tanto mais cruel para o cidadão que depende de esmola.
Esse sentimento foi captado por Luiz Gonzaga e Zé Dantas, na música “Vozes da Seca” (1953), que diz:
“Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”
A batalha contra a pobreza é pela dignidade humana e possibilitar ao ser humano alcançar a consciência do que é sagrado.
No mesmo raciocínio teológico, a pobreza leva à degeneração humana, ao caos dos indivíduos originando o inferno na Terra.
Em sociologia o inferno é descrito como desunião na família, exploração da mulher, violência doméstica, subnutrição, falta de higiene, pedofilia, alcoolismo, pais e filhos no limite das drogas, idosos em abandono, depressão, alienação mental, suicídio e homicídio.
Disso a necessidade de uma cidade ter prefeitura pobre.
Prefeito e Vereadores sendo bem-aventurados pobres por espírito, quer dizer, dotados de consciência social darão prioridade na agenda política ao direito, justiça e paz social.
O elenco de medidas concretas básicas é óbvio: moradia (digna), trabalho (emprego ou individual), comida (três refeições), saúde, criança na escola e renda (suficiente).
O empobrecimento é um processo contínuo que está ocorrendo em todo país e Águas de Lindóia não é exceção.
O mal vem se desenvolvendo há algum tempo, a situação se agravou com o prejuízo da paralisia da atividade turística na cidade.
É expressivo o contingente de desempregados, de trabalho precário, de endividamento das famílias, de dificuldade no pagamento de aluguel, energia, água e aquisição de bens básicos.
A asfixia social somente não aconteceu graças o auxílio emergencial, ao subsídio das empresas para não demitirem funcionários e à atividade solidária da população no socorro aos mais carentes.
Na campanha eleitoral o compromisso para superar esses problemas com respostas rápidas é crucial.
Não surgiram propostas concretas para o trabalho, reintegração social, medidas para melhoria do comércio, aliança dos setores sociais para buscar solução para a crise.
Tampouco houve compromisso ambiental que é a base de sustentação do turismo.
O turismo tem sido divulgado como cloroquina para cura dos males do município.
Que a cidade se transformará em Disneylândia no futuro não passa de utopia.
É impossível haver desenvolvimento de turismo sem antes haver o desenvolvimento humano com instrução e qualificação das pessoas.
A preocupação principal deve ser a pessoa, e assim, evitar que o turismo seja fator de aumento da desigualdade a favorecer poucos com tem sido a história.
Por outra, é insuficiente cuidar da cidade com a visão de um cenário sem gente como se tem de um cemitério revitalizado para o Dias dos Mortos.
As pessoas já em grande parte empobrecidas merecem respeito.
São elas que fazem funcionar e evitam a cidade morta.
Mas, o que acontece quando se é mulher pobre, mora numa barroca, a fome atinge aos filhos deficientes, falta remédio tarja preta, sem marido e sem condições para ganhar a vida?
A resposta não pode ser escorraçar a mulher porque é oponente política.
Isso é preconceito com o pobre, preconceito com a mulher, machismo e crime de ameaça.
A agressividade pode ser tudo, até atitude hipócrita de um puxa-saco, menos política.
Mas, foi assim que se desenvolveu a campanha dos candidatos.
Águas de Lindoia continua linda, continua sendo… a mesma, não se sabe até quando.