Consciência Negra: conheça projetos antirracistas de alunos que valorizam a cultura e a história negras
No dia 20 de novembro, celebra-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Marcada pela morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra contra a escravidão, a data ressalta a importância da luta contra a discriminação racial e da reflexão sobre os lugares ocupados pelas pessoas negras em nossa sociedade.
Diante da relevância desse dia, o programa Criativos da Escola apresenta cinco projetos transformadores de estudantes do ensino fundamental e médio que promoveram não só a valorização da cultura negra, mas formas de combate ao racismo.
Um desses projetos foi protagonizado por um grupo de alunos do 2° e 3° ano do Ensino Médio da Escola Municipal Dona Antônia Lindalva de Morais, do município de Milagres (CE), que ao refletirem sobre o aumento da violência contra a população negra no Brasil, criou a iniciativa “Juventude Negra: Movendo Estruturas “. A iniciativa recebeu menção honrosa na quinta edição do Desafio Criativos da Escola, organizado pelo programa Criativos da Escola, do Instituto Alana.
O projeto teve início durante as aulas de Formação para a Cidadania, quando os adolescentes foram incentivados a debaterem sobre o crescimento do racismo e da violência contra o jovem e a mulher negra no Brasil. Eles refletiram sobre a condição dos negros no país e, intrigados com o assunto, iniciaram uma pesquisa mais aprofundada das bibliografias que abordam sobre a população afro-brasileira. Depois das leituras, os alunos aplicaram um questionário para compreenderem a diversidade étnica na escola e também para conhecerem quem eram estudantes negros da instituição.
A partir disso, os alunos passaram a desenvolver uma série de ações que abordavam a cultura, a história e a realidade negra do Brasil.Entre elas, teve o seminário “Vidas Negras Importam!”, a oficina de direitos humanos com o tema “Todos os mortos eram bandidos: genocídio ou extermínio do povo negro no Brasil?”; e, por fim, o café filosófico “Somos muitos, somos milhões, somos aqueles silenciados: o que é cidadania negra no Brasil?”.
A iniciativa ajudou os alunos afrodescendentes a assumirem suas identidades, reconhecendo-se e admirando-se. A instituição de ensino, também, passou a incluir conteúdos sobre a História da Cultura Afro-brasileira e Africana nas aulas de todas as disciplinas da escola, conforme determina a Lei Federal 10.639/2003.
Valorização da cultura negra
Além dessa iniciativa, o Criativos da Escola lista mais quatro casos protagonizados por crianças e adolescentes que abordam a valorização da cultura negra e que também foram destaques nas premiações do Desafio Criativos da Escola:
A Comunidade Quilombola de Opalma em Pauta : alunos do município de Cachoeira (BA) se incomodam com a falta de notícias voltadas à realidade dos estudantes de Quilombo de Opalma e criam uma ferramenta online para compartilhar com a população acontecimentos que acontecem na região em que vivem.
Potere: O lugar da mulher negra no Colégio Pedro II : estudantes da cidade do Rio de Janeiro (RJ) registram o dia a dia de mulheres negras, por meio de processos artísticos audiovisuais. Iniciativa teve início após uma série de debates sobre racismo estrutural e as desigualdades de gênero na escola
Afroativos: solte o cabelo, prenda o preconceito : alunos da cidade de Porto Alegre (RS), ao perceberem o desconforto de crianças negras com o seu cabelo, passam a refletir sobre a intolerância, o preconceito e o racismo das pessoas. Para mudar este cenário, eles decidem promover oficinas, formações e palestras sobre educação antirracista.
Mais Amor Menos Guerra : estudantes de São Bernardo do Campo (SP) realizam atividades de contação de histórias em creches e oficinas de criação de bonecas negras Abayomi para abordar a diversidade racial e a importância do respeito. Iniciativa tem como objetivo combater a violência e propagar o amor no território em que vivem.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”.