A FESTA ACABOU
A reeleição marcou as eleições municipais de 2020 no Brasil.
Foram reeleitos 63% prefeitos perto de atingir aos 68,7% de 2008.
Em nosso município a Câmara Municipal acompanhou a onda com reeleição de 66,6% dos vereadores.
A falta de renovação política se deve, em parte, à acomodação da população com a eleição do presidente Bolsonaro como ocorreu no tempo do presidente Lula.
Políticos de forte apelo popular provocam sensação de proteção e as pessoas não veem motivo para mudança.
O município é, expressivamente, bolsonarista.
A oposição insistiu em colar a imagem de Dória no atual prefeito para atrair os eleitores bolsonaristas.
O prefeito mudou de partido, o PDT pelo PSDB, a convite de Dória e seguiu a orientação do Estado ao fechar estabelecimentos durante a pandemia.
A oposição adotou o pensamento bolsonarista de defesa da atividade econômica como sendo mais importante.
A maioria da população se mostrou preocupada com a segurança de sua saúde que a atividade.
Os que dependiam de trabalho e desempregados, o auxílio emergencial cobriu as necessidades básicas.
Por final, a vitória da situação representou a derrota das teses bolsonaristas sobre a doença tida como “gripezinha” ou “coisa de marica”.
O fator de peso que influiu nas eleições foi que o eleitor preferiu o candidato com experiência de gestão.
Mesmo a oposição reconhece que o prefeito “mandou bem”, usando a expressão dos políticos.
O principal candidato oposicionista é de família tradicional.
Porém, é desconhecido da maioria da população assim como seu partido, DC (Democracia Cristã), pela primeira vez na disputa do município e sem filiação de base.
Pelo curto tempo de propaganda não conseguiu popularizar a tese de estagnação econômica do município e a proposta de desenvolvimento do turismo como solução.
Merece atenção o desempenho do terceiro candidato.
Esse candidato é trabalhador, funcionário municipal da Secretaria de Obras, ex-vereador e morador do bairro Casas Populares.
Escolheu para a campanha o lema “Igualdade Para Todos”.
O lema é o ideal mais elevado diante do grave problema da injusta desigualdade que o país se encontra e Águas de Lindóia não escapa.
Ele pode ser considerado candidato popular entre os dois outros.
Obteve apenas 652 votos representando 4,4% dos eleitores aptos a votar.
O resultado é impressionante porque as Casas Populares além de não digitar o número dele, também, não elegeram vereador próprio.
O bairro possui eleitores em número suficientes para eleger 4 vereadores.
A análise das eleições municipais de 2020 leva à conclusão de que se repetiu o ciclo vicioso de todos os tempos.
A grave crise da pandemia não foi levada em consideração.
A Covid-19 criou a lei doutrinária que determina para salvar a economia primeiro é preciso salvar as pessoas.
A demonstração está no exemplo dos países que socorreram pessoas as atividades econômicas foram restabelecidas. Ao contrário, aqueles que sacrificaram vidas acabaram em alta mortalidade e com altos custos econômicos.
Ainda não é possível avaliar o impacto da pandemia na economia local embora, em termos nacionais, se tenha diagnóstico que o turismo é o setor da economia mais prejudicado pela Covid-19.
A informação deveria ter acionado o pisca-alerta da cidade pelo risco que se aproxima e estimulado propostas de solução pelos candidatos.
Tudo se passou como se nada houvesse acontecido.
O cenário da cidade é de empresas que encerraram atividades, outras paradas, outras mais trabalhando no limite e o fantasma do desemprego e falta de trabalho presentes.
Pela “Lei da Covid-19” será erro pensar que a saída está no turismo (atividade econômica) antes das pessoas que são a estrutura social (Nada há que funcione sem estrutura).
Não se duvida que os próximos anos serão de gerenciamento de crise com agravamento da questão social.
A solução de problemas exigirá esforço do poder público municipal, corresponsabilidade das empresas e da população.
As eleições foram o fim de festa.
