No exame clínico de cavalo com manqueira o veterinário procura o ponto da dor.
Começa pelo casco, vai para o boleto, as pernas, a coluna até a cabeça pesquisando a sensibilidade.
Muitas vezes não chega à conclusão.
A segunda etapa é iniciar o tratamento sem base sólida de diagnóstico.
Surgem palpites sobre o que causou o mal, o olho gordo, o mal olhado, a inveja de alguém.
Apela-se para curandeiros.
Na roça o benzedor depois de suas rezas amarra a tira de palha no boleto do animal.
Quando palha cair o animal estará curado, é o prognóstico do benzedor.
Enquanto o invento não se desfaz a esperança não morre.
O dono se acalma, afinal é um bem econômico que não pode perder.
Com o passar do tempo o animal se recupera.
Não se saberá devido ao tratamento com corticoides, antinflamatórios, antibióticos ou o milagre da palha que a essas alturas, também, já se desfez.
As opiniões sobre quem curou o animal se dividem, a medicina veterinária ou o ritual da simpatia.
A divergência de opiniões entre ciência, religião, misticismo, charlatanismo e ignorância em geral era comum na lida rural até próximo aos anos finais do século passado.
A chegada de equipamentos, máquinas e tecnologia mudou a realidade radicalmente, o cavalo deu lugar à motocicleta.
O cavalo foi liberto do trabalho se tornou bem de estimação, lazer e esporte.
A “roça” hoje é moderna e conectada ao mundo pela televisão e internet.
O avanço se deu devido ao modo de produção com uso de técnica, tecnologia e ciência mobilizando profissionais da área de ciências agrárias.
Menos de 10% da população vive no campo e garante o maior faturamento do país evitando o colapso econômico e de abastecimento alimentar da nação.
O fato concreto revela que os economistas erraram muito mais que acertaram na imaginação do desenvolvimento nacional.
Na década de 1950 criaram a teoria econômica de que o desenvolvimento da indústria tiraria do atraso o meio rural.
Passados 70 anos a equação teórica se inverteu na prática do dia a dia, o desenvolvimento da agricultura garante a indústria na cidade.
O meio urbano atraiu a grande população e a indústria se mostrou incapaz de absorver a força de trabalho formando o bolsão de miséria na periferia, sem atividade e sem renda.
Na pandemia mais de 9 milhões de empregos deixaram de existir somados ao já grave problema dos 13 milhões de desempregados antes existentes.
O progresso se inicia no campo e de lá vem para a cidade, é um princípio econômico comprovado.
Sem desenvolver o campo não haverá desenvolvimento na cidade.
É repugnante a política ambiental atual que estimula queimadas estimadas em área já do tamanho do Estado do Paraná em benefício do crime praticado por ladrões de madeira, garimpeiros clandestinos e latifundiários na ampliação de pastagens.
Através de uma política de ocupação racional do solo será possível combater esse crime hediondo contra a natureza.
Significa implementar a previsão constitucional pela realização efetiva da reforma agrária.
A fixação dos agricultores familiares e quilombolas na produção agrícola orientada pela técnica garante riqueza, segurança alimentar da população e complementados pelos indígenas promovem a proteção das matas, florestas e rios.
O grande obstáculo de todos os tempos continua a ser o latifúndio.
A aposta é na monocultura de grandes plantações como a da soja.
Como a cana-de-açúcar, café, algodão e menta (óleo usado nos aviões da 2ª Guerra), a soja é mais um ciclo histórico ao qual sempre se segue bancarrota e falência.
Os economistas nacionais atuais continuam em devaneio americanófilo.
Comemoram a alta da Bolsa de Valores, que nada produz, e escamoteiam a inflação da cesta básica próximo de 20% esse ano.
Sabem o valor da ação de uma empresa, mas não quanto custa e, menos ainda, como se produz um quilo de arroz.
São mistificadores, como os de antigamente, que apareciam para curar cavalo manco.