Há mais de trezentos anos antes do nascimento de Cristo, o filósofo grego Aristóteles ensinava o modo para chegar a uma conclusão verdadeira.
A coisa funciona mais ou menos assim:
Todos os cães são carnívoros
Totó é um cão
Logo, Totó é carnívoro
A conclusão é correta todas as afirmações são verdadeiras, “tem lógica”.
Outro exemplo:
Todos os cães são de raça
Totó é um cão
Logo, Totó é de raça.
A conclusão não é válida porque a afirmação todos os cães são de raça não é verdadeira, “não tem lógica”.
Aristóteles chama a esses casos de “falácia”.
A frase dita pelo presidente Bolsonaro nesta quarta-feira (27.01), é possível montar esse raciocínio.
Disse ele:
“O povo brasileiro é forte e não tem medo do perigo”.
A pandemia de Covid-19 é um perigo.
Logo, o povo brasileiro não tem medo da pandemia.
Ou ainda outra:
“O povo brasileiro é forte e não tem medo do perigo”
Profissionais de saúde da linha de frente temem a pandemia
Logo, os profissionais de saúde não pertencem ao povo brasileiro.
A afirmação do Presidente é falsa, pois não é confirmada na vida real e dá origem às falácias citadas.
Nesta mesma data (27.01), o Brasil ultrapassou a marca de 220 mil mortes por covid-19, demonstração de que o povo não é forte em relação ao vírus.
A pandemia foi no ano de 2020, continua sendo neste ano e continuará sendo por tempo indeterminado o mais grave problema da nação.
A pandemia tem sido combatida de maneira ilógica baseada em falácias do governo da República.
O presidente Bolsonaro critica o isolamento e questiona a eficácia da vacina, que é a “lógica” da ciência para alardear a falácia do tratamento preventivo (uso de cloroquina), comprovadamente ineficaz.
Disse que não compraria vacina produzida pelo Instituto Butantan porque sua origem era chinesa, novamente, uma falácia.
O IFA – Insumo Farmacêutico Ativo – é produzido na China para desenvolver vacinas em todos os países do mundo, nesse caso, não haveria vacina alguma que fosse confiável para o governo brasileiro.
Isolamento social, uso de máscara e álcool gel continuam são as únicas formas, mesmo assim insuficientes, de evitar a disseminação do vírus e o colapso dos hospitais.
Estados Unidos, China, Rússia e Europa têm apelado para as medidas restritivas afim de conter a pandemia, Bolsonaro vai contra a correnteza e insiste em criticar a “lógica” dos países desenvolvidos.
O Presidente tem provocado revolta e indisciplina de parte da população, principalmente, seus seguidores.
A tendência da situação sanitária é de agravamento, pois o aparecimento da variante do vírus, teme-se uma hiper pandemia para os próximos 60 a 90 dias.
A negligência do governo federal é um fato comprovado.
O risco de a pandemia tornar-se incontrolável existe e, em consequência, virá a queda brutal em sua aprovação popular a que se segue o abandono dos congressistas aliados.
O pisca-alerta da realidade foi acionado e provocou nos últimos dias mudança de discurso, tomado de ansiedade procura a liderança da vacinação no país.
Dado ao descaso as vacinas disponíveis são de quantidades irrisórias insuficientes para atender a demanda da população.
Não há prazos definitivos de novas remessas de doses inviabilizando o planejamento de campanha de imunização o PNI – Programa Nacional de Imunização contra a covid-19.
Com a vacina disponível o Brasil seria a primeira nação imunizada do mundo, pois o SUS dispõe de estrutura para vacinação de 10 milhões de pessoas ao dia, como em 2010 no combate à poliomielite.
O Brasil é o único país do mundo com essa capacidade, uma herança de governos anteriores injustiçados pelo bolsonarismo.
‘Conversa não enche barriga’, é necessário a população seguir o ditado como um Seguro contra ilusão criada pela lábia de que era um salvador da pátria.
Celso Antunes