Nesta quinta-feira, 18, é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, criado para conscientizar a população sobre os males causados pelo consumo excessivo de álcool. Apesar da doença estar relacionada a uma série de complicações ao organismo, levando a sequelas irreversíveis e, inclusive, à morte de mais de 3 milhões de pessoas todos os anos no mundo, dados do IPC Maps – especializado em potencial de consumo com base em dados oficiais – apontam para um crescimento rigoroso no que se refere às despesas com bebidas alcoólicas nos últimos anos no Brasil.
Segundo Marcos Pazzini, responsável pelo estudo, “entre 2016 e 2019, os gastos no setor dispararam de R$ 25,3 bilhões para R$ 30,6 bilhões em todas as classes sociais”. Em 2020, por sua vez, houve um recuo de 26,9%, totalizando R$ 22,3 bilhões dos desembolsos nesta categoria (veja tabela anexa). Mas o cenário ainda é alarmante. Para Pazzini, a projeção é que esse tipo de consumo volte a subir, já que seu declínio é atribuído somente à recessão provocada pela pandemia, assim como aconteceu com a maioria dos setores econômicos. “A procura por bebidas alcoólicas está muito mais ligada a hábitos de consumo de parte da população, principalmente a mais jovem, que vincula diversão ao álcool”, considera o especialista.
Tratamento
Segundo Vanessa Soublin, diretora de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF, diz que a relação com o álcool precisa ser constantemente avaliada em nossas vidas, e pontua que reconhecer o consumo exagerado como uma patologia depende de uma avaliação profissional.
“Não há uma ‘quantidade segura’ do consumo de álcool. O que a gente precisa usar como sinal de alerta são as repercussões negativas na nossa vida que o consumo pode estar fazendo. Se eu me envolvo em um acidente, se deixo de ir ao trabalho ou se meu consumo gerou conflito familiar, por exemplo. Qualquer uma dessas repercussões já pode ser um indicativo de que nosso uso deixou de ser recreativo”, ressalta.
A especialista orienta que a população com esse tipo de dependência conta com o apoio da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS). “As pessoas podem procurar as unidades básicas de saúde (UBS) para avaliação do consumo e posteriores orientações. Se a gente já tem uma dependência química de maneira mais forte ou se tem essa suspeita, temos os Caps AD, que são Centros de Atenção Psicossocial. Eles são de porta aberta, ou seja, não é necessário agendar atendimento”.
Nos Caps, são realizados diversos tipos de atendimentos multidisciplinares, para que o paciente consiga ser avaliado e atendido dentro de um plano terapêutico adequado. Como pessoas que têm problemas mais graves enfrentam dificuldade de perceber o quadro, há ainda grupos orientativos para os familiares dos dependentes dentro dos Centros de Atenção.
Atendimento em Águas de Lindoia e Lindoia
Em Águas de Lindoia o Caps tem atendimento com psiquiatra, que encaminha para o AA do município. O Caps fica na Rua Araci Bocault Tortelli, 215 – Le Villete, 19 3824 1577. No Cras é feito trabalho de acompanhamento com famílias e, caso identifique o problema do alcoolismo, aconselha encaminhamento ao Caps, onde o psiquiatra trabalha em sintonia com AA, acompanhando o paciente durante o processo. O Alcoólicos Anônimos de Águas de Lindoia funciona na Rua Amazonas,99 centro, com reuniões às quartas-feiras, às 19 horas e reuniões virtuais às segundas, quintas e sábados às 19h. Os contatos são http://www.aa.org.br Escritório Campinas: 19 3234 8088, atendimento pelo whattsApp em Águas de Lindoia: 11 99182 8224 e Plantão 24 horas: 11 3315 9333.
Em Lindoia o grupo Narcóticos Anônimos funciona no CRAS. O CAPS não é implantado na cidade devido ao número de habitantes. O atendimento do Narcóticos Anônimos é pelo 08008886262 e também presencial nas reuniões às sextas-feiras, 19h30, e aos domingos, 18h30, na sede do CRAS, Rua Francisco Domingues, 32
MULHERES EM A.A. DUPLICAM NA PANDEMIA
Em 2018, 13% dos membros de Alcoólicos Anônimos no Brasil eram mulheres. Durante a pandemia de Covid-19, do total de 15.000 participantes das reuniões online oferecidas diariamente no site de A.A., as mulheres representam 26% ou cerca de 4.000. O número de mulheres que ingressaram em A.A. por meio das reuniões online também é expressivo: 40% do total de 500 novos membros acolhidos no site.
Desde o início da pandemia, o site de A.A. realizou 335 reuniões virtuais, com a presença de 355 visitantes não alcoólicos, como estudantes, profissionais de saúde e familiares de pessoas com problemas com a bebida.
Os pedidos de ajuda também aumentaram, atingindo o triplo dos pedidos recebidos antes da pandemia. Reuniões virtuais também são realizadas por grupos de A.A. em todo o Brasil, com links e horários disponíveis no site da irmandade http://www.aa.org.br
Em boa parte, o aumento no número de pessoas que procuram e encontram ajuda para problemas relacionados à bebida deve-se à atuação da mídia, que tem prestado relevante serviço de informação sobre os riscos do consumo exagerado em situações de quarentena e isolamento social.
Desde o início de A.A. em 1935, a mídia tem sido uma parte vital do esforço de levar a mensagem de esperança e recuperação para aqueles que dela necessitam. Hoje estimamos que haja mais de 2 milhões de membros dos Alcoólicos Anônimos recuperados com sucesso em mais de 180 países.
No início desse atribulado e desafiador ano de 2021, queremos manifestar nossa profunda gratidão pelo trabalho da imprensa e também pelo respeito em manter o anonimato dos nossos membros. O anonimato é um princípio básico de nossa irmandade, pois aqueles que relutam em buscar ajuda podem superar seu medo se estiverem confiantes de que seu anonimato será preservado.