PEDRA SOBRE PEDRA
A rapper Karol Concá foi excluída do Big Brothers Brasil nessa terça-feira (23.02), com 99,17% de rejeição.
Concá mostrou personalidade dominadora, manipuladora, agressiva, preconceituosa, odiosa que gerou o recorde de rejeição na votação do programa.
Os telespectadores formaram essa ideia sobre Concá que resultou na decisão da rejeição.
Um fato político importante aconteceu 5 dias antes da eliminação de Concá e o presidente Jair Bolsonaro obteve 100% de rejeição do mercado.
Trata-se de seu anúncio do novo presidente da Petrobrás com escolha de um general.
O mercado entrou em pânico e ameaçou pôr fim no relacionamento com o Planalto.
Bolsonaro já desconfiava que esse casamento era um tipo de golpe do baú, pois dias antes (12.02) manifestou: “Qualquer coisa que fala, o mercado fica irritadinho; vamos deixar isso que não vai levar a lugar nenhum”.
A intenção do mercado de comandar os destinos do país tornando o presidente figura decorativa é o sinal mais cristalino dos últimos dois anos.
O pessimismo manifesto pelo mercado visto através da Bolsa, câmbio (alta do dólar), agências de classificação de risco, avaliações dos bancos e no estrangeiro, entrou para a história.
As ações da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque despencaram em 21% e derrubou mais de 100 bilhões de reais no valor da empresa. Foram disparadas acusações contra Bolsonaro chamando-o de intervencionista, populista como Hugo Chaves e ameaçando com impeachment por negligenciar a economia liberal.
Entre as inúmeras manifestações a do investidor Lawrence Pih se destaca por declarar que nunca acreditou no potencial liberal de Bolsonaro e disse mais: “Bolsonaro, quando candidato, vendeu a imagem de pró-capitalismo e antiestatizante. Os incautos, agora, o enxergam sem maquiagem: anti-economia de mercado, socialista, populista, autoritário e uma ameaça à democracia. Receio pelo futuro do Brasil”.
O que se chama de “mercado” é o mercado financeiro, dos investidores, especuladores, Bolsa de Valores, bancos e empresas que vivem de juros e renda, são os donos do dinheiro.
São especialistas em ações, 80% do capital são de especuladores e os 20% restantes das próprias empresas que administram o mercado de ações.
Nada produzem, não geram postos de trabalho, não se preocupam com os problemas da população.
A rejeição de Bolsonaro pelo mercado gera um paradoxo político, pois foi o próprio mercado a força determinante de sua vitória eleitoral.
Na troca de interesses o mercado conseguiu emplacar um operador de mercado financeiro, não reconhecido como economista, Paulo Guedes, como Ministro da Economia.
Com o raciocínio de operador de mercado Paulo Guedes quer condicionar o auxílio emergencial, imprescindível para a população pobre, à retirada de recursos da Saúde e Educação.
O SUS e o ensino gratuito são, também, imprescindíveis para atender à população empobrecida. Como o próprio Bolsonaro disse: “é tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”.
Não há, da parte de Paulo Guedes, qualquer medida de economia para redução das despesas do governo ou contracíclicas como o programa “Minha Casa Minha Vida” que debelou a crise econômica de 2008.
As expectativas se inverteram, hoje a figura decorativa está sendo representada por Paulo Guedes, está na hora do “tchau e benção”.
Com o reforço de mais um general da ativa no Planalto, o economista Afonso Celso Pastore, definiu panorama político atual ao dizer: “Acabou a ilusão do liberalismo de Bolsonaro.
Bolsonaro é um populista com propensão a ser ditador” (Estadão, 24.02). Pode-se afirmar que tanto o liberalismo é ilusão como a ditadura é pesadelo tomando o Chile como exemplo.
Pandemia descontrolada, sofrimento, morte, colapso no sistema hospitalar, falta de vacinas, economia em recessão, aumento do desemprego, da miséria, da desigualdade social, o Brasil está no caminho do abismo.
Não restará pedra sobre pedra nessa aventura, é o que se vislumbra.