Autor de feminicídio é liberado na Delegacia por não se enquadrar em flagrante

A informação surgiu nas redes sociais e depois foi confirmada pela autoridade policial que Diego Paiva, autor de crime de feminicídio contra a mãe de seu filho, Arlete Santos, 24 , na noite de sexta-feira, 05, em Águas de Lindoia foi liberado da Delegacia de Polícia de Serra Negra, após ser ouvido neste sábado, 06. Isso porque o artigo 302 do Código Penal não prevê flagrante na situação em que ele se apresentou a polícia.

Apesar da liberação, em contato com as autoridades policiais em Plantão na Delegacia de Polícia de Serra Negra, esta reportagem foi informada que Diego Paiva foi ouvido, qualificado, e indiciado pelo crime de Feminicídio, considerado hediondo  homicídio doloso consumado contra mulher) e também homicídio doloso não consumado, mas com intenção de assegurar condições para o feminicídio, no caso com relação ao pai da vítima.

Agora a Polícia deve entrar com medida cautelar para que a Justiça ratifique as denúncias. Diego confessou o crime em seu depoimento a Polícia Civil de Serra Negra

 

Feminicídio

Nesta semana, foram divulgados dados que apontam que cinco estados brasileiros tiveram juntos, em 2020, 449 casos de feminicídio, ou seja, assassinato de mulheres cometidos em função da vítima ser do gênero feminino. A constatação é da Rede de Observatórios da Segurança, que monitora a violência nos estados de São Paulo, Pernambuco, da Bahia, do Rio de Janeiro e Ceará.

O estudo, publicado na quinta-feira, 04, mostra ainda que foram registrados 1.823 casos de violência contra a mulher (incluindo os feminicídios) nesses locais, o que dá uma média de cinco casos por dia. Em 58% dos casos de feminicídio e em 66% dos casos de agressão, os responsáveis eram os companheiros das vítimas.

O boletim A Dor e a Luta: Números do Feminicídio foi produzido a partir de notícias publicadas na imprensa e de postagens em redes sociais. Em pelo menos três estados, São Paulo, Pernambuco e Ceará, os registros feitos pela Rede de Observatórios da Segurança foram maiores do que os números oficiais, divulgados pelas polícias.

No Ceará, por exemplo, o estudo constatou a existência de 74% mais feminicídios do que os informados pela polícia cearense. Segundo a Rede, uma explicação possível é que os casos estão registrados de forma errada: como homicídios em vez de feminicídios, por exemplo.

De acordo com o estudo, o crime com maior número de registros foi agressão/tentativa de feminicídio (753); seguido por feminicídio; homicídio, isto é, o assassinato em que não foi possível constatar que a motivação era o gênero da vítima (298); violência sexual/estupro (217); agressão verbal/ameaça (98); tortura/sequestro/cárcere privado (81); tentativa de homicídio (43); outros (37); e balas perdidas (31).

A pesquisa constatou que houve momentos de pico de violência contra a mulher durante o isolamento social, devido à pandemia de covid-19.

A Rede de Observatórios da Segurança, coordenada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), também monitorou 21 casos de mortes de pessoas trans em 2020, dos quais 13 foram no Ceará, sete em São Paulo e um em Pernambuco.

Foto: divulgação facebook