Antes de se eleger todo político é idiota.
A frase não seria ofensiva na Grécia Antiga, havia diferença entre homem particular e homem público.
Idiota, da palavra grega “idios”, servia para indivíduos que não tinham atividade pública.
“Idios” ganhou sentido de “ignorante” dado para quem desconhece os problemas do país.
Tomado nesse sentido, o presidente Bolsonaro agiu como ignorante ao nomear outro ignorante, o general da ativa Pazuello, para o Ministério da Saúde.
Ambos não possuem conhecimento da área de saúde.
Cada macaco no seu galho, o efeito da nomeação foi de operação militar.
O general ocupou o Ministério com 25 oficiais, colocou-os nos postos de comando e deu a ordem autoritária:
“Não falem mais em isolamento social”.
Questionado pelos jornalistas explicou: “Aqui funciona assim: um manda outro obedece.
A revelação é grave, vai além da incompetência em Saúde, mostra desmantelo da hierarquia militar onde general da ativa recebe ordem e é comandado por capitão da reserva.
Ao menos Pazuello tivesse ido para a reserva antes de assumir o cargo de ministro.
Marcelo Queiroga substituiu Eduardo Pazuello (16.03), é o quarto ministro da Saúde em 1 ano de pandemia.
Em sua fala inicial disse que seguirá a política de governo.
Está claro como a luz do sol, o autoritarismo presidencial continuará a comandar a gestão da crise sanitária.
Para dar certo, o Presidente precisaria combinar com o Coronavírus.
Vírus não obedece a ordem, mesmo que se realize o sonho de implantar a ditadura no país.
Para erradicar pandemia, humana ou animal, duas medidas são indispensáveis: isolamento e vacinação.
Entende a ciência que se parar o bicho morre se andar o bicho come.
Os profissionais em saúde têm orientado como evitar a doença desde o início da pandemia e foram vítimas de agressões bolsonaristas acusando-os de provocadores de medo.
Agressivos e autoritários são eles que produzem medo por necessidade de sobrevivência.
O autoritarismo, no lar, empresa, igreja ou nação, exige exclusividade sobre o medo para se manter o poder.
Como consequência instalou-se a “guerra” na pandemia.
Apareceu a contradição de modelos, a prudência para salvar vidas e o “salvador da pátria” pela banalização da morte.
Através intensos disparos de fakes news, procurou-se banalizar o mote “se andar o bicho come” da ciência e menosprezar o vírus tratando-o como bicho-papão que só existe na imaginação.
O modo autoritário de encarar o problema reduziu a doença mortal à “teoria da “gripezinha”.
Mas, a realidade não dá bola para loucuras e qual a esfinge do mito de Tebas diz “me decifra ou te devoro”.
Se de médico e de louco todo mundo tem um pouco no Planalto há um batalhão deles.
Partiram para o enfrentamento da doença ao seu modo, com tiros no escuro para acertar alvo ao acaso.
Com munição de cloroquina, ivermectina e tratamento precoce provocaram o que todos viram, o curto-circuito entre o governo federal e os Estados e Municípios em relação ao distanciamento social.
Surgiu o dilema do “não vai porque não pode e não pode porque não vai” e, assim, nada se acudiu, nem saúde, nem economia.
O STF interferiu para acabar com o cabo-de-guerra que se formou recebendo ameaça de fechamento.
Os bolsonaristas consideram o AI-5 (Lei da Segurança Nacional), suprema lei, acima da Constituição Federal.
Deu no que deu, a crise sanitária mudou o perfil para uma crise humanitária sem precedente na história brasileira.
Os números são catastróficos aproximando de 12 milhões de casos, 300 mil óbitos e 3 mil mortes por dia sem perspectivas de redução à curto prazo.
Se um grego da antiguidade aparecesse ao brasileiro de hoje e perguntasse o significado de “ignorância” a resposta seria: burro, asno, imbecil, retardado, estúpido, grosseiro etc.
“30% dos brasileiros ainda estão nessa condição, incluindo homens públicos”, completaria.
Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP)
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