O FIO DA MEADA, por Celso Antunes

Há sinais de novo tempo na história brasileira.

Há ligação entre fatos como os que envolveram o ex-juiz Sérgio Moro, o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e a CPI da Pandemia do Congresso.

O STF, quinta-feira (22.04), deu um “cavalo de pau” em Moro ao anular as condenações de Lula por incompetência e parcialidade do ex-juiz.

O pronunciamento do presidente Bolsonaro na “Cúpula de Líderes sobre Clima”, no mesmo dia (22.04), foi no sentido contrário da condução da questão ambiental dada pelo ministro Ricardo Salles.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, oficializou a abertura da CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – (13.04), para investigar omissões do governo federal na pandemia.

Tais assuntos atingiram nível de escândalo e registrados na história do Brasil.

Como se vê, os meses de março e abril mostram, claramente, que a democracia brasileira vive em estado de “constante estresse”, como a imprensa internacional chegou a dizer.

O alarde de que as instituições – Executivo, Legislativo e Judiciário – estão andando bem é cantiga pra boi dormir.

O Legislativo tem atuado na omissão do Executivo como, a exemplo, o auxílio emergencial de R$ 600,00; o Judiciário (STF) exige que o Legislativo cumpra sua função, como a instalação da CPI da pandemia e o Executivo faz ameaça autoritária de intervenção militar no STF com impedimento ou prisão de juízes.

É nítida a incapacidade de desenvolver funções e trabalhos normais a gerar confusão de competência entre os poderes da República, numa democracia que se encontra em estado de estresse.

As trapalhadas se sucedem em momento gravíssimo da nação que se aproxima de 400 mil mortes sem poder contar com vacina para conter o mal que se alastra não se sabe até quanto e quando terá fim.

Os que têm o infortúnio de desenvolver a forma grave da doença estão sem leitos de UTI, oxigênio e insumos hospitalares de intubação onde 8 entre 10 doentes não são salvos pela equipe de atendimento que está em estado de exaustão física e mental.

Completando a falta de ação não há plano de geração de emprego nem socorro às pequenas e médias empresas resumindo o “auxílio emergencial” à hipocrisia, pois atende à metade da população necessitada e com valor irrisório para comprar meia cesta básica.

Paulo Guedes, ministro da economia é zeloso com o egoísmo oportunista dos credores da dívida pública, se preocupa em poupar recursos para pagamento dos juros e deixa a família brasileira sem comida na mesa.

Já passa do tempo de se corrigir erro dessa trajetória insana. Essa iniciativa foi tomada em Carta Aberta (21.03), assinada por 500 banqueiros, empresários, economistas e ex-ministros exigindo ações do governo para combater o Coronavírus.

Em decorrência o Congresso exigiu a demissão do chanceler Ernesto Araújo do Itamaraty (29.03), pelos custos que ele acarretou ao país em subordinar as relações internacionais à pauta ideológica do eleitorado do Presidente.

Dois dias depois (31.03), estourou a Crise Militar provocada pela demissão do ministro da Defesa seguida da entrega de cargos pelos comandantes das Forças Armadas como na ordem militar “Pelotão! Volver” para voltar ao Quartel dando basta ao Planalto.

O STF, embora não declarando, se convenceu pelas conversas hackeadas de Moro decidindo restabelecer o Estado de direito, se espera que a CPI da pandemia considere a linha do tempo para restaurar a Democracia.

A suspeição de Moro deve valer para as eleições 2018, pois ele expulsou de campo o candidato líder nas pesquisas.

A CPI deve consultar o VAR (Video Assistant Referee), pelas regras democráticas anulando o lance irregular, à exemplo do futebol.

O fio da meada está nessa interferência de Moro no jogo eleitoral cuja vitória se deu no tapetão da Lava Jato.

*Celso Antunes (Águas de Lindoia – SP)

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