BALNEÁRIO: ALMA DA CIDADE, por Celso Antunes
Em tempo de desamparo e tristeza surge um motivo de alento para o lindoiense, a reforma do Balneário.
O Balneário será uma Fênix?
Fênix se tornou popular pelos romances de fantasia de Harry Potter embora seja figura antiga da mitologia.
Na mitologia é uma ave muito bela.
Suas lágrimas tinham poder de curar qualquer doença. Ressurgia das cinzas quando morta a mostrar a vitória da vida sobre a morte.
Fênix simboliza recomeço de um futuro melhor sem deixar de ser o que sempre foi.
De fato, ao dar a volta por cima nas situações adversas o Balneário ressurgirá e a água radioativa, como as lágrimas, servirá para curar os males de saúde, é uma Fênix.
A radioatividade natural da água faz de Águas de Lindoia uma cidade diferente de outras e ser reconhecida internacionalmente.
Exatamente, a semente que deu origem ao fenômeno urbano foram as águas quentes.
O médico Dr. Francisco Antonio Tozzi constatou que o Ribeirão das Águas Quentes, assim chamado pela temperatura superior a 25º graus, era medicinal.
A descoberta fez surgir as “Thermas de Lindoya”, um estabelecimento de uso terapêutico da água medicinal, que foi o centro de formação do núcleo populacional.
A descoberta da radioatividade pela cientista Marie Sklodowska Curie foi um passo gigantesco do conhecimento.
A descoberta possibilitou a invenção do Raio-X e o tratamento de tumores com agulhas de rádio.
Centros de pesquisa passaram a se dedicar ao assunto em todo o mundo, no Brasil, teve início a radioterapia no tratamento de tumores na década de 1920.
Nessa época as análises da água mineral das Thermas constataram radioatividade de 3.179 maches, a maior já encontrada em todo planeta.
A causa dos benefícios da água que vinham sendo observados pelos Dr. Francisco Tozzi encontrara a explicação, a radioatividade natural.
A essência histórica de Águas de Lindóia está no elo indissolúvel a ligar a cientista e o Doutor Francisco Antonio Tozzi como descobridores da causa e de um efeito particular.
Ambas personalidades se completam em mérito por Thermas de Lindoya alcançar expressão nacional, internacional e chegar à Lua pela água.
Marie Sklodowska Curie (1867-1934), foi uma das maiores cientistas de todos os tempos destacando-se como primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel e primeira pessoa a ganhar dois Prêmio Nobel (1903 e 1911).
Sua história de vida riquíssima vai além da ciência sendo citada e relembrada como o interessante filme biográfico “Radioactivy” em exibição pela Netflix.
Marie Curie, então professora de Sorbonne, esteve no Brasil em 1926 permanecendo por 45 dias.
Proferiu palestras para cientistas, estudantes e jornalistas no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Certo dia veio conhecer e conferir as águas radioativas das Thermas de Lindoya.
Ocorreu o encontro histórico entre a ilustre cientista e o abnegado médico, evento mais significativo de todas as épocas de Águas de Lindóia.
No centenário do Prêmio Nobel de Química (2011), o município prestou homenagem à cientista contando com a presença do cônsul geral de sua terra natal, a República de Polônia. Uma placa comemorativa foi afixada no Emanatório do Balneário.
Como a Fênix renascida, à atual reforma do Balneário, se desdobrem ações estruturadas de tratamento pela água, o termalismo, o termalismo social a envolver o SUS, o esporte e o lazer aquático com ampla divulgação nacional para novo impulso à Estância.
Em respeito à ciência e tributo aos notáveis obreiros, um busto de Marie Sklodowska Curie deveria ser postado ao lado de Dr. Francisco Antonio Tozzi por justiça à história.
Águas radioativas de rochas profundas de 2 milhões de anos é alma que se manifesta pelo Balneário dando vida à Capital Termal do Brasil.
* Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP)
Veja Também:
https://www.tribunadasaguas.com.br/2021/04/26/o-fio-da-meada-por-celso-antunes/