ERA TAPEAÇÃO, por Celso Antunes
Apareceu na TV Globo uma mãe chorando pelo jovem filho que acabara de ser executado na chacina de 28 favelados do Jacarezinho (RJ) na quinta-feira (6).
Pelas redes sociais circulou o vídeo dela dançando com um fuzil na mão, com a mensagem de ser mulher descarada ligada ao crime organizado.
A Polícia Civil do Rio desmentiu a informação, a mulher não era a mãe do jovem morto.
O vídeo é duplamente maldoso, por não respeitar o luto doloroso de uma mãe e, por calúnia, de pessoa criminosa.
Essa pequena e triste história revela o grande mal que tem levado a nação à ruína: a desinformação infectada de mentiras.
O poder da mentira pode ser medido pelo boato, fofoca, intriga e o efeito na sociedade, no lar, na empresa, na escola, na igreja causando prejuízo a alguém.
Quantos namoros desfeitos? Quantos casais se separaram? Quantos foram demitidos dos serviços? Quantas inimizades foram feitas? Quantos se tornaram pessoas mal vistas? Quantos pastores ou padres foram transferidos? Quantas agressões e até mortes provocaram?
Os últimos casos horríveis ocorridos na cidade, o assassinato da namorada e o adolescente morto pela Polícia na Popular, se buscar a causa na profundidade se encontrará a maldade provocada por algum mentiroso.
A mentira sempre causa crime, em si já é crime previsto pelo Código Penal para evitar a desarmonia na sociedade e possa ter paz.
Um vergonhoso episódio para a nação foi o show de mentiras do ex-ministro das Comunicações, Fabio Wajngarten, na CPI da Pandemia do Senado que poderá lhe custar a pena de prisão (11.05).
O fato é um caso típico do feitiço que vira contra o feiticeiro, pois ele pertence ao núcleo dirigente de uma fábrica de mentiras – as fakes news – distribuídas por máquinas robotizadas para a nação.
O ex-ministro é personalidade desse mundo virtual de fantasias mentirosas e sofreu um choque pela CPI mostrando-se despreparado no mundo real.
Com a popularização dos celulares a mentira ampliou de modo colossal seu raio de ação criando um novo mundo, o das fakes news.
A fake news virou arroz-feijão criando uma cultura que acoberta o real e alimenta o surgimento de uma civilização de mentira.
A cultura da mentira é um prato feito para o político oportunista e imoral manipular a mente das pessoas e provocar nelas o afloramento dos instintos terríveis da espécie humana.
O objetivo é arrebanhar pessoas pelo atrito com outras pessoas espalhando ódio, promovendo a agressividade e polarização.
Em virtude disso, a nação, nos dias atuais, se encontra em estado de “guerra” entre prós e contra e o desfecho é imprevisível.
O poder político se mantém com informações falsas como, por exemplo, a cloroquina e desdenha da alta mortalidade da população.
O alimento do avarento ministro da Economia, Paulo Guedes, é o dinheiro e trata com desdém a fome dando esmola de 150,00 reais e cortando pela metade o número real dos que necessitam.
A morte prematura é indigna, mas para esse senhor o ato de viver é abusivo e faz crítica ao brasileiro que deseja viver cem anos e ainda estudar contando com o FIES.
A fake news joga areia nos olhos para que não se veja claramente a realidade e possa tapear o cidadão culpando outro pela incompetência e negligência da gestão.
O mundo das fakes news está com os dias contados, pois não é possível enganar a todos todo o tempo.
A realidade não perdoa a mentira e se apresenta por milhares de mortes, pelo desemprego, pela falta de renda, pela alta do preço dos alimentos, gás e combustível, pela falta de vagas de internação hospitalar e remédios, pela ausência de crianças nas escolas, pela baixa nos rendimentos da aposentadoria e auxílio emergencial insuficiente, pela falta de recursos para aluguel, água e energia elétrica, pelo empobrecimento, miséria e fome.
O povo tapeado descobre que não é escolhendo um mito que as coisas vão mudar.
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
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https://www.tribunadasaguas.com.br/2021/05/07/o-que-temos-por-celso-antunes/