A cidade de Águas de Lindoia vive neste sábado (12) um clima de protestos, cautela, incertezas, dúvidas e desânimo, devido aos novos decretos municipais com regras mais rígidas para o enfrentamento da Covid-19.
O prefeito Gil Helou (PSDB) determinou para o enfrentamento da Covid-19 em Águas de Lindoia regras de lockdown através do decreto nº 3502, publicado na quinta-feira (10).
De acordo com a nova Lei, a partir deste sábado (12), está proibido na cidade o atendimento presencial no comércio e em empresas de serviços. Também está proibido a possibilidade de realização dos sistemas drive-thru e o “pegue e leve”. As determinações seguem até dia 28 de junho.
O novo decreto reduz a lotação dos hotéis em 40% e dos ônibus de transporte público em 50%. As aulas presenciais estão suspensas nas redes de ensino pública e particular.
A lei também proíbe o consumo presencial em lanchonetes e padarias, fecha pontos turísticos e cria lockdown para supermercados aos sábados e domingos. E restringe as entregas delivery até as 22 horas.
- Decreto Nº 3502, de 10 de junho de 2021 jornal-oficial-do-municipio-ano-ii-edicao-190
Protestos, questionamentos e opiniões
O comerciante e presidente da Associação Comercial e Empresarial de Águas de Lindoia, Rubens Renzo Júnior, mostra-se indignado com a a situação da cidade. Ele explica que todos trabalhadores do comércio estão com máscaras e exigindo o uso delas nos estabelecimentos.
Além disso, na Rua São Paulo neste sábado, Dia dos Namorados, após intensa negociação com a Prefeitura para que o decreto não prejudicasse ainda mais as vendas, está com lojas abertas, com fitas sinalizando o distanciamento e a regulação do ingresso dos clientes em cada estabelecimento.
Rubens faz questão de mostrar que a oferta de álcool em gel e máscaras gratuita faz parte da ação dos comerciantes de Águas de Lindoia, que até um totem criou para a conscientização e o combate da pandemia Covid-19.
“Logo mais, às 18 horas, todos nós conscientes do colapso na Saúde iremos fechar enquanto os hotéis lotados indicam Monte Sião para ir fazer compras. Enquanto não fechar a barreira estadual, estaremos secando gelo. Peço que nossos administradores tenham luz para poder conduzir esse colapso da Saúde e do comércio”, desabafa.
O empresário André Emílio Bergamo tem loja na Rua São Paulo e não esconde o seu descontentamento de ver Águas de Lindoia diminuindo seu espaço comercial. “Minha sensação é de indignação mesmo. A gente não tem estrutura para ficar em casa. A cidade depende do Turista”
André destaca que faz análise de mercado e pessoalmente visita as cidades vizinhas, em um mesmo dia, para comparar a movimentação. “Águas de Lindoia vai virar uma cidade de passagem”, alerta.
O empresário comenta que neste sábado esteve em Monte Sião e Serra Negra e a movimentação do comércio nessas cidades é muito maior que em Águas de Lindoia. “A crise econômica é tão grave como a da Saúde”, desabafa André
Janete Ap. Bianchi, empresária do setor de vestuário, também se diz indignada. Para ela o poder público é irresponsável em suas resoluções. “Hoje não entrou ninguém em minha loja, pois os decretos saem em cima da hora e avisei que estaria fechado, mas abriu”
A empresária destaca que teve o pior feriado de Corpus Cristhi da história de sua empresa, pois os turistas eram indicados a não permanecerem na cidade.
“É tudo em cima da hora. Falta credibilidade e cronograma do poder público que é irresponsável com a economia da cidade”, lamenta Janete. Ela possui uma confecção e duas lojas em Águas de Lindoia.
Para a empresária antes de se criar um decreto, os governantes devem ouvir os empresários e representantes deles em cada segmento de atividade. “Isso tudo desanima a gente”, reclama Janete
Dúvidas sobre os decretos de enfrentamento Covid-19
O Tribuna das Águas desde quinta-feira (10) recebe questionamentos de leitores que não conseguiram entender completamente o que dita a nova lei. Algumas questões foram encaminhadas a assessoria de comunicação da Prefeitura e respondidas:
- Salões de beleza podem funcionar ou não? Resposta: Não
- Lojas e estabelecimentos podem funcionar mesmo com portas fechadas, para entrega de mercadoria: Resposta: Não (estarão fechadas, o trabalho interno é para vendas online e delivery)
- Qual o contra-ponto de ser limitar o uso de 50% do transporte coletivo, sem a determinação de horários dos ônibus e o cumprimento de um mínimo? Resposta: A expectativa é que o número de pessoas utilizando o transporte público seja reduzido e a medida visa limitar em até 50% o número de pessoas em cada veículo. A Secretaria de Trânsito notificará a empresa para que não haja redução no número de ônibus disponíveis durante este período, o que deve melhorar o sistema.
- Quem faz a fiscalização? Qual a equipe de fiscalização? Serão alocados funcionários? qual o treinamento? Como conter se houver desobediência geral? Resposta: O decreto prevê que mais servidores públicos possam ser convocados para integrar a equipe de fiscalização. Eles receberão as informações básicas e deverão ser acompanhados de fiscais da área que coordenarão o trabalho. Importante destacar que estes servidores se atentarão apenas às normas do decreto, ficando questões sanitárias a cargo dos fiscais da área.
- Qual a contrapartida em subvenção social a prefeitura planeja oferecer (auxílio municipal)? Resposta: Não há previsão orçamentária quanto a auxílio municipal. Porém a prefeitura segue avaliando todas as possibilidades.
- Há previsão de testagem em massa na cidade? Resposta: Não há previsão, mas a prefeitura está avaliando a possibilidade
Outro item do decreto bastante questionado é a limitação do Delivery até as 22 horas, principalmente para as empresas do setor de alimentação. Segundo alguns empresários do setor de lanchonetes e restaurantes, é uma perda a mais dentro de um histórico de restrições comerciais.
Reconsiderações
A Prefeitura de Águas de Lindoia publicou na noite de sexta-feira (11) o Decreto Nº 3503, de 11 de junho de 2021, em que o prefeito Gil Helou (PSDB) ajusta o decreto nº 3502, sem flexibilizar regras para empresas.
Na nova Lei, Gil reconsidera a proibição do comércio não essencial e essencial trabalhar neste sábaso com atendimento presencial até às 18 horas e que os hotéis cumpram 40% de ocupação a partir segunda-feira (14).
Outra alteração do Decreto Nº 3502, de 10 de junho de 2021 (veja na íntegra jornal-oficial-do-municipio-ano-ii-edicao-190 ), é a autorização para a abertura das padarias aos sábados e domingos, mas sem consumo no interior dos estabelecimentos.
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