Ícone do site Tribuna das Aguas

SP X MG: conheça a história de 9 de julho

O feriado nesta sexta-feira, dia 9, no estado de São Paulo, comemora o 9 de Julho e faz homenagens as lembranças da Revolução Constitucionalista, mas a data não ganhou tanto destaque do lado mineiro – um dos opositores de São Paulo durante a revolta de 1932., é preciso conhecer esta história.

Núcleos históricos espalhados pelo estado reúnem materiais e buscam preservar a memória da Revolução Constitucionalista de 1932. Itapira, por exemplo, sedia o Núcleo M.M.D.C.  https://www.facebook.com/mmdc.itapira/, que procura preservar este trecho da história, já que a cidade também foi palco de confrontos. Em Socorro há uma ala específica no Museu Municipal totalmente dedicada ao movimento.

Busto do Coronel Francisco Vieira, localizado na Praça Bernardino de Campos, no centro de Itapira (SP). (Reprodução / facebook / Fernando Palmieri)

História do 9 de julho

Em 9 de Julho de 1932 eclodiu a Revolução na capital paulista, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, o mesmo do levante de 1924. A situação delicada entre os paulistas e o governo provisório de Getúlio Vargas já vinha desde as revoltas de 1924 e 1930, quando Vargas assumiu a presidência, fechando o Congresso Nacional e abolindo a Constituição. O movimento pedia a promulgação de uma nova Constituição.

A morte de cinco estudantes: Miragaia, Martins, Dráusio, Camargo e o quinto (adicionado depois), Orlando de Oliveira Alvarenga, em um confronto na capital se tornou a peça que faltava para o início do conflito armado. As iniciais dos estudantes M.M.D.C. passou a designar uma sociedade secreta que articularia a derrubada de Getúlio Vargas.

São Paulo aguardava o apoio dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a princípio também favoráveis à instalação de uma Constituição, porém se mantiveram ao lado do governo provisório. Com isso, o movimento perdeu força até ser decretado o fracasso. Apesar da derrota, a Revolta provocou o governo e, dois anos depois, uma nova Constituição foi promulgada.

Apesar da derrota nas armas, no campo ideológico a Revolução teve uma especial importância na construção da moral paulista. Durante a revolução, foram muitos os apelos e propagandas pedindo o apoio da população em geral, inclusive a campanha “Ouro para o bem de São Paulo”, quando os líderes do movimento pediam que as famílias doassem ouro para a causa.

Esse discurso ufanista ajudou a reforçar uma suposta superioridade dos paulistas, especialmente alavancado pela ideia de que o Estado de São Paulo já era superior economicamente e carregava o título de potência do país, naquele período.

Voluntários

Centenas de moradores da região do Circuito das Águas e Sul de Minas participaram do levante, como voluntários de guerra. Médicos, motoristas, soldados. As funções eram diversas. Para as mulheres, cabia o papel de serem enfermeiras voluntárias ou costureiras, servido sempre na Casa do Soldado, onde se concentravam todos os itens de respaldo para os lutadores.

Entre São Paulo e Minas Gerais, dezenas de trincheiras foram armadas. Até hoje é possível encontrar vestígios da guerra sob a terra. Em Itapira, o Núcleo M.M.D.C. contabilizou cerca de 10 trincheiras. Nesses locais, próximos ao distrito de Eleutério, munições intactas e restos de armamentos já foram encontrados.

No Museu Municipal de Socorro estão guardadas dezenas de relíquias deste período, doados pelas famílias dos voluntários. Fotos, armas, fardas e documentos estão entre os itens expostos no local.

Também há registros da história contada pelas voluntárias da Revolução, a saudosa Lourdes Picarelli (falecida em 2019, com 105 anos) que teve o marido, o farmacêutico Laércio Picarelli, como cabo na Revolução. Lurdes nascida em 1913, teve seus documentos guardados, com a memória do trabalho do casal junto ao Batalhão 23 de Maio. Laércio combateu contra as tropas mineiras, no setor Eleutério-Socorro.

Arquivo TDA – homenagens aos voluntários de 1932, com a presença das voluntárias Irma Rovesta Mantovani e Maria de Lourdes Pinto Picarelli em 2015

Revolução 1932

O Dia da Revolução Constitucionalista é comemorado anualmente em 9 de julho e considerado feriado estadual em São Paulo. Também conhecido por Dia da Revolução e do Soldado Constitucionalista, esta data é uma homenagem ao movimento contra ditadura de Getúlio Vargas, realizado em 1932 pelos paulistas.

Segundo relatos históricos, Vargas tomou o poder com a Revolução de 1930, apoiado pelos paulistas, e outros estados. No entanto, o tempo passava e o novo dirigente não convocava eleições para a nova Assembleia Constituinte. Sentindo-se traídos, representantes do Exército, estacionados em São Paulo e políticos paulistas, resolveram se rebelar.

A Revolução Constitucionalista, episódio que também foi chamado de “Guerra Paulista”, foi o mais importante movimento ocorrido em São Paulo e o último grande combate armado do Brasil.
Com a tomada de governo, Getúlio Vargas governava sem a Câmara de Deputados ou outro órgão de origem democrática. Isso preocupava seus aliados que exigiam a convocação de eleições para presidente e para deputados.

O grande estopim que inflamou o sentimento de revolta da população de São Paulo foi o assassinato de quatro estudantes paulistas por policiais, em um conflito no dia 23 de maio, data que também entrou para a história do estado.

As iniciais dos nomes dos jovens – M.M.D.C. – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – tornaram-se o símbolo da revolução e batizou o movimento.

A exigência por uma nova Constituição era prioridade para a sociedade burguesa de São Paulo, que iniciou a revolução oficialmente no dia 9 de julho de 1932, combatendo contra o governo nacional durante três meses. O combate chegou ao fim em 2 de outubro de 1932, com a rendição dos paulistas.

Também em homenagem aos jovens estudantes que foram assassinados em defesa do movimento constitucionalista, o dia 23 de maio é reconhecido como feriado estadual, Dia da Juventude Constitucionalista.

Na capital paulista, o obelisco do Ibirapuera é um marco construído para simbolizar a dor da perda da vida dos estudantes.

O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro que fica no Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP)

Feriado

Em 1997, o governador do estado de São Paulo, Mário Covas, oficializou o dia 9 de julho como feriado civil na região, uma homenagem ao soldado constitucionalista que lutou pela queda da ditadura de Vargas.

Oficialmente, o Dia da Revolução e do Soldado Constitucionalista foi transformado em feriado civil em 1997, através da Lei nº 9.947, a partir de um projeto de lei apresentado pelo deputado Guilherme Gianetti.

Foto: (Divulgação / Reprodução) O grupo itapirense, formado por entusiasta da história do Brasil e da cidade, busca manter a memória da Revolução, em especial dos combatentes itapiranses

Sair da versão mobile