BOM DIA A CAVALO
O governo Bolsonaro é um programa de auditório.
A afirmação é do cientista político Christian Lynch, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
Trata-se de um diagnóstico de como a nação é conduzida pelo presidente.
O governo Bolsonaro está na categoria do Cidade Alerta, Programa do Ratinho, A Praça é Nossa e outros programas populares.
A audiência é garantida por 25% de seguidores bolsonaristas, como indicam as pesquisas.
O espetáculo segue um roteiro repetitivo de autoritarismo, violência e ameaça ocupando o tempo presidencial.
Para impressionar, as cenas são tratadas como questão de vida ou morte.
Sempre é a luta entre o bem, representada pelo mito do salvador da pátria, e o mal, que são todos que não concordam com ele.
O último episódio do programa ficou em suspense: “Se não tiver voto impresso, não vai ter eleição em 2022”, decidiu o artista.
A Comissão da Câmara rejeitou a proposta de voto impresso por 23 a 11 votos nesta quinta-feira (05.08).
A proposta ainda irá a plenário é esperada nova derrota, isto é, não haverá voto impresso.
Vida de artista é difícil, para manter sua palavra terá de cumprir a ameaça de sempre, o golpe.
Virando a democracia de ponta-cabeça, fechando o STF e o Congresso, será possível não ter eleição em 2022, somente assim.
Conta com o talismã da ditadura de 1964 a LSN (Lei de Segurança Nacional), inútil ante a Constituição Federal, para ligação com os militares e praticar o golpe.
O artista terá que ter muita coragem para sair do palco e vir para o mundo real.
“Não vai ter golpe nenhum, é tudo blefe. Bolsonaro é um blefador”, conclui o professor Lynch.
Bolsonaro fala demais.
Quem fala muito dá bom dia a cavalo.
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
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