FALANDO ABOBRINHAS
O fuzil mais barato do mercado é o Taurus, preço 8 mil reais, munição 5 cartuchos a 45 reais.
A curiosidade sobre o fuzil surgiu desta fala de Bolsonaro aos apoiadores no cercadinho do Planalto nesta manhã (27.08):
“Tem todo mundo que comprar fuzil, pô! Povo armado jamais será escravizado”.
“Aí tem o idiota: ah, tem que comprar feijão.
Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”.
Assalariados, microempreendedores individuais, trabalhadores informais, desempregados, funcionários públicos de baixo escalão, aposentados, trabalhadores sem-terra, quilombolas, indígenas e cidadãos normais em geral, estão preocupados com o feijão.
Os idiotas, que enchem o saco, são a imensa maioria da nação.
Povo armado jamais será escravizado bem entendido é: “povos indígenas desarmados serão dominados”.
A “pregação do fuzil” foi dirigida para a classe que deseja tirar as terras dos indígenas.
Sempre o pensamento de Bolsonaro representa um retorno ao passado.
Neste caso segue o modelo Brasil Colonial onde reduzido número de senhores da Casa Grande, armados, dominaram milhares de escravos.
O fuzil serve agora aos descendentes dos senhores feudais, os ruralistas, para a matança de índios na ampliação da área de plantio de soja e criação de gado em terras indígenas.
Os indígenas são povos originários, existiam antes do Descobrimento do Brasil, a lei garante suas terras.
Milhares de indígenas de 176 povos formaram um Mega-Acampamento em Brasília esta semana para protestar contra o julgamento que pode comprometer a demarcação de suas terras.
Bolsonaro e os ruralistas querem criar o “marco temporal”, onde os indígenas só teriam direito à terra se estivessem sob sua posse em 1988, ano da Constituição Federal.
É uma injustiça total, pois desconsidera toda violência sofrida pelos indígenas antes da Constituição Federal de 1988.
Quando o Brasil será governado e deixará de ouvir abobrinhas?
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
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