DECIFRA-ME OU TE DEVORO, por Celso Antunes
O brasileiro do semiárido, que vive o drama da seca, sentindo o coração apertado, diria:
“A água da cacimba está no fim”.
Na região seca do Nordeste a cacimba serve para captar água da chuva.
Todo ano a água do lago Cavalinho Branco chega ao fim.
Está claro que perdeu a condição de lago para ser cacimba porque depende da chuva.
A ambição imobiliária fez o lago subir a montanha para atender atividades comerciais e suas obras, que movimentam terra, fazem a montanha descer para o lago.
O Cavalinho Branco está assoreado, quando chover a água escoará diretamente para o Canal.
O prejuízo alcança o lago da Praça de Burle Marx e a salvação, inevitável, será às custas dos cofres públicos.
Os empreendimentos no Morro Pelado são belos.
Igualmente, não se pode negar que não respeitam leis ambientais e são construídos com sequestro d’água numa transfusão do bem público para o patrimônio particular.
O enriquecimento se faz com os lucros ficando com o particular e os prejuízos com a sociedade que arcará com os danos causados.
O abastecimento de água obriga à utilização da água mineral de exportação, perde-se dinheiro, e na estiagem um “se vira nos trinta”, com perfurações de poços semi artesianos pagos pelo município.
Todo conjunto de problemas é causado pela falta de rigorosa fiscalização e de se tratar a questão como prioridade da agenda municipal na procura de solução definitiva.
Lindoienses, em março de 2022 o contrato de abastecimento de água será revisado.
Será obrigatório realizar editais de licitação (privatização), o SAAE pode ir para mão particular e a água terá dono.
A água está dando ultimato, como a esfinge de Tebas da mitologia grega a quem se deparava com ela, ou a decifrava e a vida continuava ou seria o seu fim.
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
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