MALHANDO EM FERRO FRIO, por Celso Antunes
MALHANDO EM FERRO FRIO
Som encantador, chuva no telhado.
Prenúncio de fim do estresse da seca.
Esperança de lavar roupa depois das 16 horas na volta do trabalho.
De lavar panelas e utensílios da cozinha; dar banho nas crianças; dar descarga na privada; encontrar água na torneira para beber; se banhar antes de descansar para o próximo dia de trabalho.
Esse modelo é das casas ligadas à rede de abastecimento da maioria dos lindoienses, muitas sem caixa d’água.
O peso é acrescentado à baixa renda, ao desemprego, à dificuldade na compra de alimentos, gás, remédios.
Não raro, nessas casas, se encontram idosos em demência senil, Alzheimer ou crianças de APAE.
A escassez de água é a ponta visível do problema.
No invisível está a dificuldade das famílias sem perspectiva de futuro, a escassez da vida humana.
Somente a mudança de mentalidade de governança que coloque o desenvolvimento humano, com prioridade à pobreza, superior ao mundo dos negócios ocorrerão soluções verdadeiras.
Os próprios ambientalistas, que têm avançado nas teses de preservação e recuperação do município, não podem esquecer a condição humana como elemento central do clima, flora e fauna, a servirem de exemplo de uma nova mentalidade.
A captação da água do Rio do Peixe representa uma derrota para a tese de recuperação de nascentes.
Águas de Lindoia não tem água e irá buscar no Rio do Peixe que não tem peixe.
O rio está poluído e morto.
Terá o mesmo fim dos rios em decorrência da política predatória de desmatamento da Amazônia que altera o regime de chuvas.
Busca-se quantidade não qualidade da água e os consumidores serão os desfavorecidos.
O Córrego dos Coutos, afluente do Rio do Peixe, recuperado é solução da qualidade e da prática exemplar.
Mas, defender a recuperação de nascentes é malhar em ferro frio, por enquanto.
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
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