Acusado de assédio é religioso e na época dos fatos tinha cargo de pastor
Uma mãe em Águas de Lindoia vive o drama de ter que encontrar pelas ruas o homem, ex-pastor evangélico, que assediou a sua filha, e responde processo por assédio de menor. O caso aconteceu em 11 de novembro e foi registrado na Delegacia de Polícia de Águas de Lindoia.
A história narrada pela mulher é cheia de emoção e tem por objetivo chamar a atenção da comunidade para o perigo do assédio por pessoas que possuem a missão de evangelizar, educar, ou seja, que tem acesso aos dramas familiares e deles podem tirar proveito próprio.
Segundo relatos da mãe da garota, de 14 anos, um pastor da igreja Nazareno, entrou em contato com ela no dia 11 de novembro para ver se podia levar sua filha, num suposto no concurso da Guardinha Mirim. Ela resistiu em deixar a garota sozinha e pediu que o pai da menina a acompanhasse.
O pai da garota sofre há um ano de câncer e passou por cirurgias. No dia dos fatos, a mãe estava em Campinas em uma consulta médica e o pai tentou acompanhar a filha, mas foi impedido pelo religioso, que era amigo da família no drama da doença e de privações. Ele assegurou que era coisa rápida.
Segundo a mãe da garota, o pastor (afastado do cargo devido a ocorrência policial) alegou ao pai que mais pessoas iriam ao concurso e que o homem não caberia no carro.
Desta forma, o ex-pastor ficou sozinho com a garota, levou-a para a casa dele, alegando ter que carregar o celular que estava com a bateria fraca. Ao chegar na casa, chamou-a para sentar no sofá e começou a passar as mãos nas pernas dela e tentou beijá-la. Ele queria fazer sexo depois.
“Ele falou que era para ela jurar até a morte que não era pra ela contar a ninguém. Ela percebendo as atitudes dele começou a gravar escondido”, conta a amiga da mãe que endossou a versão. A garota registrou o assedio em seu celular. É visível o riso nervoso da menina nas imagens.
Circunstância
Segundo amigos da denunciante, a família começou a ir na igreja há mais de um ano, pois o pai da garota foi diagnosticado com câncer e a menina entrou depressão e passou por situações em que se agredia, com mutilações. Diante da situação, a mãe se viu obrigada a parar de trabalhar para cuidar dos dois, e a família começou a viver de ajudas.
De acordo com a mãe da garota, quando esse abuso aconteceu desestabilizou novamente a família. O pai está se entregando aos poucos à doença e estado no hospital com frequência. A garota só chora e tem tido crises nervosas.
Revolta
“O mais revoltante é que ele não foi preso”, destaca a mãe da garota. A mãe destaca que o homem que assediou sua filha foi liberado pelo polícia. Ele deve responder pelo artigo 216 do Código Penal, assédio sexual.
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. (VETADO)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Segundo a mãe da vítima, a sua revolta se baseia no fato que o homem voltou a vida ao normal, enquanto a família que ele prejudicou está devastada, e mais ainda, na espera que a justiça se faça.
“Alguns membros da igreja ficaram contra a família por ela ter feito o boletim de ocorrência pois como o pastor mesmo disse, “ foi o inimigo que o usou para cometer tais atos””, destaca a amiga da mãe da garota.
Foto: Ilustração
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