Desde a noite de quinta-feira, 07, foram divulgadas pelas redes sociais as faixas instaladas na cidade de Itapira com dizeres atribuídos a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC. As faixas estavam instaladas pelo menos em cinco pontos da cidade e foram retiradas pelos homens da PM Corpo de Bombeiros, na tarde desta sexta-feira, dia 07.
Nas faixas as mensagens são de repressão aos roubos e algazarras de moto. Segundo as faixas, roubos e algazarras com motocicletas serão punidos por determinação do PCC. No centro de Itapira a faixa, que tem fundo amarelo e escrito em vermelho, traz em destaque a frase “Sujeito a Cacete”.
Nas bordas superior e inferior vem o “salve”: “Proibido roubar na quebrada, tirar de giro e chamar no grau”. Embaixo vem a ameaça: “Não vamos aceitar essas coisas na comunidade”. A expressão “sujeito a cacete” significa que o infrator deve levar uma surra
Segundo o jornal “Gazeta de Itapira”, as faixas foram instaladas no São Judas, na Vila Ilze, rua Japão e rua Estados Unidos; no Assad Alcici e no Istor Luppi, bairro que fica na divisa com Lindoia.
Várias cidades abrigam faixas do PCC
Ao menos 14 cidades de São Paulo têm faixas atribuídas ao Primeiro Comando da Capital,o PCC, ameaçando dar um “cacete” em motociclistas que façam barulho ou empinem motos em comunidades. A Polícia Civil investiga os casos e tem indícios de que a maior parte das faixas foi colocada nas comunidades por membros da facção ou por ordem dos criminosos.
“O uso da força não poderia ser exercido por traficantes, milicianos ou qualquer outro grupo”, disse ao G1, o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.
Segundo o advogado, os traficantes dominam comunidades que sofrem com a ausência do Estado na área social e policial e se fortalecem ajudando moradores. “Fazendo as ameaças ou sancionando os infratores, com uso de violência, o que é totalmente ilegal e proibido, gerando casos de lesões corporais, torturas e mortes.”
Entenda as mensagens das faixas:
- “Sujeito a cacete” – que é uma expressão popular que ameaça agredir alguém;
- “Tirar de giro” – quando um motociclista aperta a embreagem da moto até ela fazer um barulho alto, que incomoda moradores;
- “Chamar no grau” – empinar a moto, colocando em risco as vidas do piloto, de quem estiver na garupa e também de pedestres.
Há ilegalidades envolvendo tanto a atitude dos motociclistas quanto nas ameaças pregadas nas faixas: o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) proíbe quem faz barulho ou empina motos. Já as faixas e o vídeo do rapaz apanhando configuram, respectivamente, crimes de ameaça ou de lesão corporal previstos no Código Penal Brasileiro (CPB) (leia mais abaixo).
“Apesar de os motociclistas estarem cometendo infrações de trânsito, não cabe aos integrantes do PCC ameaçarem e agredirem essas pessoas para que elas sigam a lei. Se alguém comete um crime para impedir outro crime, então este alguém é criminoso”, disse um policial que falou com a reportagem do G1 sem se identificar.
Foto: Divulgação /Reprodução Itapira News
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