FIM DA PANDEMIA POR DECRETO
Um político se achando com poder sobrenatural assinou com caneta Bic um decreto para acabar com a pandemia.
Ele foi aclamado salvador da pátria e se tornou um ditador latino-americano.
As mortes e doentes continuaram, é natural, todos adoecem e morrem um dia, dizia a nota oficial.
O pessoal da Saúde insistia na necessidade de vacinar o povo.
Foram acusados de conspiração contra a religião, a família, a propriedade, e destituídos de suas funções.
O povo se dividiu entre apoiadores do remédio do líder e os a favor da vacina.
Despontaram-se desejos contraditórios nada cristãos, o de que o vacinado sofresse os efeitos adversos da vacina, outros, o não vacinado adoecesse e fosse a óbito.
Esse conto de ficção termina com revolta da população contra o decreto.
Surgiram filas para se vacinar e a pandemia acabou.
No mundo real a história é outra, a pandemia continua.
Novos casos chegam a 40.000, óbitos a 400 em média, diariamente, número de mortos maior que do último trimestre do ano passado.
Águas de Lindóia registra 3.994 casos, 61 óbitos e mantém a média de 1,3 casos por dia.
A doença é perigosa, deixa sequelas cardíacas, pulmonares, trombóticas entre outras, a causar grande sofrimento de lindoienses recuperados da covid-19.
A população aprendeu a se proteger, no Estado de São Paulo 85% já receberam duas doses de vacina, mas a cobertura vacinal é extremamente desigual no país.
O presidente Bolsonaro se prepara para declarar o fim do “estado de emergência em saúde pública”, que dificulta a compra de vacina e envio de recursos para os estados, municípios para tratamento dos doentes por covid-19 (10% a 20% apresentam complicação).
Decretar o fim da pandemia é loucura eleitoral.
Desobedeça, use máscara, mantenha as mãos limpas, respeite o esquema de vacinação e não precisa ficar em casa.
*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.
Além de , FIM DA PANDEMIA POR DECRETO leia outras crônicas de Celso Antunes:
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