CADÊ OS GENERAIS?, por Celso Antunes
CADÊ OS GENERAIS?
Terminadas as eleições o normal seria haver a assimilação do resultado, acomodação e volta à vida cotidiana.
Os inconformados com os resultados deram origem às manifestações pedindo intervenção militar.
O movimento é de caráter antidemocrático, de natureza fascistóide, um golpe na cultura de harmonia, paz e respeito às decisões eleitorais.
A livre manifestação social deve ser estimulada, é valorosa no fortalecimento da democracia, significa participação e demonstração de interesse no destino da nação.
São Paulo, em 1932, se manifestou contrário à Ditadura Vargas exigindo a promulgação da Constituição do Brasil; em 1983, o movimento “Direto Já” foi pelo fim da Ditadura Militar e o retorno ao sistema democrático.
Foram movimentos sociais que obtiveram sucesso porque tinham motivos e objetivos verdadeiros.
O movimento atual é desprovido de motivo concreto, pois se baseia em fraude eleitoral sem prova e o objetivo é inconstitucional, pois é pela intervenção militar.
Assim, ao mesmo tempo em que é legal, pois a Constituição Federal garante a livre manifestação, é ilegítimo, pois contrário à própria Constituição, é o avesso de 1932 e 1983.
As violações de fanáticos, como impedir o direito de ir e vir, de prejudicar a economia pela paralisação nas estradas, pela dispensa de funcionários devido ao voto, de elaboração de listas para boicotar o comércio e xenofobia com nordestinos, são casos de polícia a serem reparados com processo legal.
O problema deve ser enfrentado pela Justiça, pela participação de todos no debate, rigorosamente, democrático e paciência, pois tudo que não presta morre por si mesmo.
Na reunião de Bolsonaro com os ministros, terça-feira após as eleições, Eduardo Bolsonaro disse ao pai que ele não deveria reconhecer o resultado das eleições.
O ministro Paulo Guedes entendeu como proposta de golpe, perguntou:
“Cadê os generais?”
Eles não virão, pois respeitam a Constituição.
Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP). O autor da coluna escreve de forma voluntária e livre, crônicas e artigos pessoais sobre temática política, sociedade, comportamento etc.
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