Tio Nato e Tia Lazinha tiveram 7 filhos: 4 meninas e 3 meninos. Com a partida do Quinho, no domingo, dia 3 de março, só restam duas meninas: Rosa e Alice. Já cumpriram suas missões. Lucia, a caçula de curta vida, Helena de mãos de fada para lidar com flores e com bordados, Lilo, garção do Fazano e pescador do Ribeirão dos Coitos e João, exímio nadador, e apaixonado jogador de damas, querido recepcionista noturno do Hotel Glória e agora chegou a vez do estimado Quinho, aos 90 anos.
Quinho viveu bonitas histórias de amor. Ainda jovem foi trabalhar de garçom em famosos restaurantes de São Paulo.
Cida bonita e jovem hóspede do Hotel Lindóia, onde passava as férias com o marido e um filho, muito amiga do porteiro João, frequentava a casa da Tia Lazinha. Foi lá que conheceu Quinho e então surgiu uma inospitavel atração, um amor tão incandescente que ela deixou tudo, vida de madame, para viver sua grande paixão.
Ajudava o companheiro, como balconista, na loja de queijo (uma das primeiras) na galeria do Edifício Orestes Mantovani. Para selar a alegria veio a Fátima, a Fatinha. Trabalhando com raça, prosperavam e decidiram construir nova morada na então deserta Rua Colombia. Compraram um lote e lá descarregaram vários milheiros de tijolos para a obra.
Foi quando, de uma hora pra outra, em poucos dias, Cida se foi, deixando desolado o companheiro com a filhinha que foi extremosamente criada pelas tias.
Durante muitos anos, muitos mesmo, duas enormes pilhas de tijolos não nos deixavam esquecer o fim abrupto de um grande amor.
Só muitos anos depois, Fatinha, já acometida por insidiosa doença, edificou ali sua casa aproveitando os tijolos que o tempo não desmanchou.
Fatinha, uma heroína que arrostou com denodo terrível doença. Lutou quanto pode mas perdeu a batalha. Muito dinâmica e extrovertida foi excelente funcionária do turismo da Prefeitura, depois foi pro Vacance onde era o braço direito da proprietária. Fatinha e o irmão Toninho se davam muito bem. As tias e o pai tinham por ela verdadeira devoção.
Cronos se encarregou de aplacar as dores do sofrido viúvo. Foi então que surgiu a Maria do Cabo na vida do Quinho. Maria devolveu-lhe a alegria de viver deu-lhe um filho e duas filhas esbeltas, a alegria do Quinho na sua nova etapa da vida. Sempre foi arrojado e trabalhador. Pioneiro instalou a televisão de cachorro. Formavam-se filas para comprar os frangos assados do FRANQUINHO. No Bar do Cueca foi sócio do tio. Seu sitio no Bairro dos Tanques era a sua paixão. Em seu indefectível jipe percorria as ruas da cidade e as estradas da roça visitando e proseando com sua legião de amigos.
Muito entrosado com a família do Cabo, que compareceu em peso ao seu velório, apoiou muito a Lígia quando ela perdeu o marido e Leandro, filho do Luís Guilherme, passou a ter Quinho como pai. Era muito amigo: dava-se muito bem com os dois genros. Deixa muita saudade e boas lembranças!
A turma do Tio Nato, gente boa, de bom coração, prendada foi a única que conservou intacta a faixa que João Frederico lhes deixou, com a padaria e a lotérica na Rua São Paulo e a sempre florida casa das meninas na Avenida das Nações, bem no coração da cidade que brotou o Sitio do João Frederico.
* Ismael Rielli, Águas de Lindoia. É professor aposentado, jornalista, escritor e ex-vereador. Tem atualmente um ponto de cultura no Sebo do Ismael, em Águas de Lindoia.
* colaboração de Rodrigo Martins na digitação e revisão de “A turma do Donato Ventura Renzo”
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