Obra reúne depoimentos e imagens raras para contar relação pouco conhecida do poeta e escritor Menotti Del Picchia com os primórdios do cinema brasileiro
Os auditórios da Casa das Artes de Itapira e da Praça CEU (Centro de Artes e Esportes Unificado) serão palco, no próximo fim de semana, a exibição de uma obra inédita que se debruça em uma faceta ainda pouco conhecida do poeta, escritor e artista plástico Menotti Del Picchia.
Viabilizado por meio da Lei Paulo Gustavo, o documentário ‘Menotti e o Cinema’ terá sua sessão de estreia no sábado (14), às 15h00, na Casa das Artes, situada na Rua Campos Salles, 4, no Centro.
A entrada é gratuita, mas os lugares são limitados, então é importante chegar com antecedência. Ao final da exibição haverá um bate-papo com os idealizadores do projeto e com o historiador e escritor Eric Apolinário, um dos entrevistados do filme, e também uma pequena oficina sobre produção audiovisual.
No dia seguinte, domingo (15), o documentário será exibido às 10h00 no Auditório da Praça CEU, situado na Rua Benedito Antônio de Lima, no Istor Luppi. Os lugares também são limitados e o evento é gratuito. Da mesma forma, ao final da exibição haverá um bate-papo com os idealizadores do projeto e também uma pequena oficina sobre produção audiovisual.
Com 30 minutos de duração, o filme se debruça no pioneirismo de Menotti e seu irmão José Del Picchia no cinema brasileiro nos anos 1910, reunindo depoimentos e imagens sobre aquilo que era uma grande novidade: a técnica de fotografia em movimento.
Ao lado de Armando Pamplona, eles fundaram a Independência Film, uma produtora criada para produzir filmes institucionais sobre as cidades paulistas para a Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, realizada no Rio de Janeiro (RJ) em 1922.
O documentário foi idealizado pelos os itapirenses Fábio Zangelmi (direção de fotografia, finalização e montagem) e Thiago Altafini (direção e montagem) e Carol Alleoni (produção) e conta um pouco dessa história que inclui entrevistas e imagens raras de filmes nos quais os Del Picchia se envolveram na produção.
A obra traz depoimentos do pesquisador e escritor Eric Apolinário; do pesquisador e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Eduardo Moretin; e da escritora e historiadora Márcia J. Santos.
HISTÓRIA DESCONHECIDA
Menotti Del Picchia viveu de 20 de março de 1892 a 23 de agosto de 1988 e ficou conhecido principalmente por sua atuação como escritor, poeta e artista plástico.
É autor, por exemplo, do poema ‘Juca Mulato’ (1917), escrito na época em que morou em Itapira e que inspirou o nome do conhecido parque na área central da cidade, onde também fica a Casa Menotti Del Picchia.
Em 1922 atuou como um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, movimento artístico que rompeu com os padrões estéticos e culturais da época.
“Menotti também tem uma história controversa na política com sua aproximação com movimentos reacionários e sua amizade com Plínio Salgado, líder do Movimento Integralista. Porém, existe um lado pouco conhecido de Menotti. Sua atuação como um dos pioneiros do cinema brasileiro”, destacam os produtores do documentário.
Essa história também foi abordada no livro ‘Crônica do Cinema Paulistano’, da pesquisadora Maria Rita Galvão, que dedicou um capítulo inteiro sobre esse aspecto pouco abordado na biografia de Menotti e que destaca que ele e o irmão José fizeram suas primeiras filmagens em Itapira.
Ainda segundo os idealizadores de ‘Menotti e o Cinema’, no final da década de 1920 e início dos anos 30, os irmãos Del Picchia, agora junto do sobrinho Victor Del Picchia, produziram filmes de ficção que foram considerados como as primeiras experiências sonoras do cinema brasileiro: ‘Acabaram-se os Otários’ (1929) e ‘Alvorada de Glória’ (1931).
O documentário foi viabilizado pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Itapira por meio da Lei Paulo Gustavo. Para mais informações, acesse o site www.menottieocinema.com.br.
Foto: Divulgação / Reprodução
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