Águas de Lindóia: um olhar para natureza, por Thaís Aldério
Águas de Lindóia se destaca na região pela qualidade de suas águas, sua natureza, estando o município inserido no Circuito das Águas Paulista, reconhecido como a “Capital Termal do Brasil”. Com 240 nascentes e cinco delas medicinais, mais de cem mil pessoas visitam a Estância todos os anos, em busca das propriedades curativas, alcalinas e radioativas, que são usadas no tratamento de diversas enfermidades; o Balneário Municipal é referência nestes tratamentos.
Na visão da biogeografia, o município pertence ao Bioma Mata Atlântica, na subdivisão de Floresta Estacional Semidecidual Submontana, caracterizada pela altitude e dupla sazonalidade – intensas chuvas de verão e estiagem com perda foliar de algumas espécies. Situando-se a 945 metros de altitude, seu ponto mais alto é o Morro Pelado, com 1.316m e vista panorâmica de toda região. Possui as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 22° 28′ 36” Sul, Longitude: 46° 38′ 0” Oeste.
Por ser um polo turístico de excelência, Águas de Lindoia acolhe pessoas que gostam de aventuras e passeios rurais, o contato com a natureza, com direito as delícias das fazendas e, neste contexto, a cidade oferece muitas opções de hotéis e pousadas acolhedoras.
Águas de Lindóia está localizada nos limites do Mosaico de Unidades de Conservação da Mantiqueira – criado através da portaria nº 351 de 11 de dezembro de 2006 do Ministério do Meio Ambiente. Com Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais e reservas particulares, o Mosaico abriga remanescentes florestais com alto grau de conectividade, variabilidade de ecossistemas e grande ocorrência de endemismos através de mais de 50 municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Aumentando ainda mais sua importância d, esta área de proteção está ambientalmente conectada ao Corredor Ecológico Canteira-Mantiqueira, unindo-se ao Contínuo Cantareira. O Contínuo é composto pelos fragmentos florestais dos Parques Estaduais de Itaberaba e de Itapetinga, o Monumento Natural Estadual Pedra Grande, a Floresta de Guarulhos e o Parque Estadual da Cantareira.
Corredor ecológico
Biólogos têm demonstrado a importância do Corredor Ecológico da Mantiqueira, o qual interliga trechos isolados de florestas da Serra da Mantiqueira – em tupi “mann tiqueira” significa “águas que vertem” –, abrigando várias fontes de água mineral e estando localizado a poucos quilômetros de Águas de Lindóia.
O Corredor Ecológico permite o livre deslocamento de animais, bem como a dispersão de sementes e a melhora na cobertura vegetal. Sua importância se reveste do fato de reduzir os efeitos da fragmentação dos ecossistemas ao promover a ligação entre diferentes áreas, permitindo o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora.
O sagui-da-serra-escuro é uma espécie ameaçada de extinção, mas nas matas ao entorno de Águas de Lindóia já foi visto com filhotes, o que indica que ali a natureza se mantém viva. Esse trânsito permite a recolonização de áreas degradadas, em um movimento que, de uma só vez, concilia a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento ambiental na região.
É importante salientar que o entorno do município é constituído de áreas de mata nativa que abriga uma grande diversidade de espécies de animais e vegetais, cerca de 250 espécies de aves vivem no local. Certamente muitos destes animais são residentes nestas matas, no entanto, muitos podem utilizar dos corredores ecológicos para deslocamento entre áreas dos municípios vizinhos na busca de alimentação ou reprodução.
Preservar a natureza destas áreas é condição ímpar para manter o equilíbrio do ecossistema local e, desta forma, contribuir para que sejam preservados os animais que ali vivem. Seria de bom tom, a deflagração de campanhas de esclarecimento sobre preservação, no amplo sentido da palavra, e durante a estadia e passeios o que vamos levar são as fotos, deixando no bioma animais ou plantas nativas.
União de esforços
A prefeitura, ONGs locais ou até profissionais qualificados podem realizar um estudo nos ecossistemas ao redor da cidade, gerando um plano de controle que possa identificar as espécies e de forma controlada, facilitar as rotas migratórias, sendo pioneira ao considerar a preservação enquanto um dos pilares que sustenta o turismo local. Prova de que é possível esse trabalho é a área de recuperação da Mata do Brejal que foi devastada nos anos 1950 e 1960 para plantio de café.
Por fim, é importante que pensemos agora em estratégias ligadas a preservação das características biológicas que compõem nosso município para continuarmos a ser um polo turístico que, acima de tudo, respeita as características do bioma onde está inserido. Parques Ecológicos serão de extrema importância para a região, uma vez que a cidade tem grande fauna e flora em excelente estado de conservação.
Foto: Reprodução / Redes Sociais
*Thaís de Fátima Aldério, graduanda de Ciências Biológicas, da UNIP
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