QUEM HÁ DE DIZER

O cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, sucesso na década de 1950, uma das músicas cede o título para esta crônica.

A letra fala da tormenta do amante pela impossibilidade de ser único.

A história é simples, um cidadão se apaixona por uma dançarina de cabaré.

Ele espera, morto de sono, o espetáculo terminar para estar com ela.

O amigo aconselha, leve-a para viver consigo.

Ele desiste dizendo:

Ela nasceu com o destino da Lua/Pra todos que andam na rua/Não vai viver só pra mim.

Certas situações são impossíveis haver exclusividade.

O ex-Presidente Juscelino Kubistchek foi da época de Lupicínio. Reconhecido seresteiro deve ter cantado “Quem há de dizer” inúmera vezes.

Ele construiu Brasília, foi cassado por corrupção e perdeu os direitos políticos.

Faleceu em acidente automobilístico mal explicado. Caso JK se candidatasse, como era seu plano, seria reeleito.

Boas obras foram realizadas em nosso município e vários de seus idealizadores perderam os direitos políticos.

Entre eles estão os que têm chances de reeleição.

Seguindo o fio da história, a humanidade surgiu de Adão e Eva por ato de corrupção.

A ambição de igualar a Deus pela maçã do Paraíso, dera à luz Caim e Abel, segundo a fábula.

A natureza humana se revela no triângulo formado por Adão-Eva-Caim.

Caim assassina o irmão e povoa a Terra com o “pecado” dos pais pelo crescer e multiplicar de descentes.

Por herança, o homem é o único capaz de dar flor e tiro.

O egoísmo e a ambição acionam os mecanismos da concorrência e da corrupção.

Por ser da natureza humana há corrupção desde o lar, escola, empresa, instituições civis, religiosas, militares, à política e economia.

A corrupção está ligada ao poder que é uma ditadura material.

Ela não respeita “verdades eternas” como o maior dos poderes, a natureza.

É evidente que o poder econômico-político dominante despreza o vírus e a pandemia de efeitos devastadores entre os infelizes.

No exercício de poder o homem é onipotente.

Manipula a opinião pública, cria deuses, satãs, mitos, fakes, mentiras, paranoias ao cúmulo de se achar feito à semelhança de Deus.

A corrupção governa os destinos de uma nação como regra de desenvolvimento sem a qual nada se constrói.

É bom ouvir a canção “Podres Poderes” de Caetano Veloso para refletir sobre essa realidade.

A corrupção é questão moral.

Na coletividade se confunde com caráter. O termo “moralitas” o latim define como “caráter”.

Caráter é diploma da personalidade que se inicia na infância. O modo como cada um apreende o dia a dia.

Formar bom caráter no sistema econômico que valoriza a ambição, o egoísmo, a concorrência, a exploração humana, os podres poderes é causa perdida.

O ministro Edson Fachin, católico, na decisão judicial deve ter lembrado de Madalena, o “atire a primeira pedra quem não for corrupto”.

A corrupção é a bailarina de Lupicínio vista pelo espelho, não é exclusividade de alguém.

A menos que a alienação religiosa tenha provocado confusão com a fé achando que Lula sendo crucificado tiraria os pecados da corrupção no Brasil.

Lula inocentado não será mais o Cristo crucificado será Madalena.

Quem há de dizer, caso seja candidato, será reeleito.